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Homens, mulheres e crianças deixam reduto do Estado Islâmico na Síria

Dez caminhões deixaram o povoado de Baghuz nesta quarta-feira, onde se encontra o último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no leste da Síria

Comboio com homens, mulheres e crianças deixa reduto do Estado Islâmico na Síria (afp/AFP)

Comboio com homens, mulheres e crianças deixa reduto do Estado Islâmico na Síria (afp/AFP)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 10h53.

Cerca de 10 caminhões transportando homens, mulheres e crianças deixaram nesta quarta-feira o povoado de Baghuz, onde se encontra o último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no leste da Síria.

Em uma posição das Forças Democráticas Síria (FDS), aliança curdo-árabe que conduz a ofensiva "final" contra o EI na localidade, uma jornalista da AFP viu passar os caminhões deixando Baghuz com dezenas de homens, que escondiam seus rostos, além de mulheres em niqab e crianças.

"Temos unidades especiais para retirar os civis. E, após vários dias de tentativas, conseguimos evacuar uma primeira onda hoje", explicou à AFP o porta-voz das FDS, Moustafa Bali.

"O número deles ainda não é conhecido", disse, acrescentando que essas pessoas estão sendo transportadas para uma das zonas de recepção da FDS, onde são submetidas a revistas e interrogatórios.

"Não sabemos se há algum jihadista entre eles", acrescentou.

"Ainda há civis dentro (do reduto jihadista), podemos vê-los", disse ele.

As FDS e a coalizão internacional anti-EI acusam os jihadistas de usar os civis da localidade como "escudos humanos".

Na terça-feira, dezenas de civis e combatentes do EI, incluindo estrangeiros, se renderam às FDS. Há vários dias que ninguém deixava este pequeno setor.

"Acreditávamos que todos os civis tinham partido (...) mas não nos surpreendeu ver que havia pessoas escondidas", indicou na terça à AFP outro porta-voz das FDS, Adnane Afrine.

"Trata-se de familiares do EI, mas nós os consideramos civis", ressaltou.

Desde o início de dezembro, cerca de 40 mil pessoas, principalmente famílias de jihadistas, fugiram de Baghuz, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, falou de "negociações" em andamento entre as forças e o EI para obter uma "rendição" dos jihadistas entrincheirados.

Ele se referiu a um "acordo com contornos ainda vagos".

Contudo, líderes das FDS negaram qualquer negociação.

Na cidade de Baghuz, os combatentes do EI controlam apenas algumas casas, onde estão escondidos em túneis, no meio de um mar de minas com as quais tentam impedir o avanço das FDS.

Os jihadistas têm apenas duas opções, "se render ou morrer em combate", garantiu Mustefa Bali.

Em 2014, o EI conquistou vastos territórios na Síria e no Iraque, proclamando um "califado" sobre uma extensa área.

Os jihadistas estabeleceram sua própria administração, executaram e torturaram aqueles que não respeitaram suas leis e fomentaram ataques no exterior.

Nas últimas semanas, as forças curdas prenderam centenas de estrangeiros. Equipes da AFP ouviram casos de franceses, alemães e russos fugindo da última fortaleza jihadista.

Esses ocidentais representam um verdadeiro desafio para os países ocidentais, que não gostariam de repatriá-los apesar dos apelos nesse sentido das forças da coalizão.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu recentemente às potências europeias para que repatriem seus cidadãos.

O assunto é ainda mais delicado, uma vez que Trump prometeu em dezembro retirar os cerca de 2.000 militares americanos mobilizados na Síria. Esse desengajamento e a ameaça de uma ofensiva turca contra as forças curdas poderia criar um caos de segurança que beneficiaria o EI.

A batalha anti-EI representa hoje a principal frente da guerra na Síria, que já fez mais de 360.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde 2011.

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