François Hollande, presidente francês: ele defendeu seu plano de reformas para tirar o país da desaceleração econômica (Philippe Wojazer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2014 às 17h23.
Paris - O presidente da França, François Hollande, defendeu nesta segunda-feira seu plano de reformas para tirar o país da desaceleração econômica e convocou sindicatos e empresários a ajudá-lo em sua implementação, mas alertou que seu desejo de transformação não será interrompido pela falta de um acordo.
"Nosso país vem sofrendo uma queda há dez anos, perdeu sua posição no mundo. Está em jogo o futuro da França", disse Hollande em discurso feito após uma reunião com representantes dos principais sindicatos e associações de empresários do país.
A reunião serviu como preparativo da conferência social que será realizada amanhã entre o Executivo, sindicatos e patronais, a terceira em dois anos de mandato de Hollande.
O clima para o encontro é de tensão, pois a Confederação Geral de Trabalhadores (CGT) e a Força Operária (FO) anunciaram que o boicotarão.
Os dois sindicatos, primeiro e terceiro do país em número de associados, respectivamente, consideram que o governo se rendeu às exigências dos empresários e criticam, especialmente, o atraso de um ano da aposentadoria antecipada para assalariados com trabalhos mais pesados.
Além disso, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, nome que os dois sindicatos consideram que 'não merece ser escutado', fará um discurso no encontro.
Por coincidência, o fórum social será realizado quando se completarem os primeiros cem dias de Valls como chefe de governo, após a saída do cargo de Jean-Marc Ayrault.
Por outro lado, os sindicatos reformistas (CFDT, CFTC e CFE-CGC) anunciaram que participarão da reunião com uma postura 'exigente e construtiva'.
Em seu discurso de hoje, o chefe do Estado francês apresentou uma França estagnada, onde 'o desemprego é revelador das dificuldades estruturais'. A taxa de desemprego no país é superior a 10%.
Em função disso, Hollande situou 'a luta contra o desemprego de longa duração' como uma 'causa nacional'.
Como sintomas da recessão, Hollande citou um "sistema de formação desajustado", a "complexidade administrativa que pode desanimar', a "insuficiente valorização do trabalho" e as "desigualdades que excluem cada vez mais uma parte da população".
Hollande se mostrou contrário a legislar com a força da maioria parlamentar e sem dialogar com os atores sociais, mas avisou que a "reforma não se deterá".
O presidente defendeu o diálogo social como 'método' que 'pode ser um fator de competição econômica e social', mas deixou claro que ele não pode se transformar em 'uma rivalidade perpétua' e que sindicatos e patronal têm que conseguir 'resultados'.
As reformas do Executivo pretendem 'assegurar a estabilidade e a visibilidade indispensável' da França nos próximos três anos, e também fazer 'todo o possível para acelerar a recuperação', acrescentou Hollande.
Além do "pacto de responsabilidade" e da reforma territorial para simplificar o mapa do país, Hollande anunciou ainda algumas propostas novas.
O presidente sugeriu a criação de um grupo de avaliação dos avanços das negociações nos 50 principais setores econômicos.
Hollande também convocou os bancos a se envolverem mais no financiamento das empresas e anunciou que o governo buscará uma otimização de "todos os dispositivos de financiamento em favor da economia real", para que as poupanças dos franceses cheguem à "economia produtiva".
No plano internacional, antecipou que 'nas próximas semanas' apresentará aos sócios da União Europeia (UE) um plano de 'convergência social e fiscal' que incluirá um piso sobre o imposto de sociedades e um "salário mínimo europeu".