O presidente russo, Vladimir Putin: Maria Putin, de 29 anos, vive na Holanda (Mikhail Klimentyev/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 12h04.
Haia - Os apelos para expulsar da Holanda a filha do presidente russo, Vladimir Putin, pela derrubada do voo MH17 não provocaram muita adesão no país, onde os observadores lembraram que a rainha Máxima nunca foi castigada pelo passado de seu pai, ministro durante a ditadura argentina.
Ativistas ucranianos e parte da imprensa de direita defenderam que Maria Putin, de 29 anos e que vive na Holanda, deveria ser punida pelo suposto papel desempenhado por seu pai na catástrofe aérea.
Mas muitos responderam que não se pode responsabilizar uma pessoa pelos pecados de seus pais.
O prefeito da cidade de Hilversum, a sudeste de Amsterdã e de onde eram provenientes várias das vítimas do acidente de 17 de julho no qual 298 pessoas morreram, 193 delas holandesas, ocupou a primeira página dos jornais na quarta-feira quando pediu que Maria fosse expulsa.
Mas o prefeito Pieter Broertjes rapidamente retirou seu apelo, considerando-o imprudente.
"Veio de um sentimento de impotência que muitos conhecerão", tuitou Broertjes, ex-jornalista.
"Sim. É uma possibilidade", escreveu a revista mensal HP de Tijd em sua edição digital, após o apelo de Broertjes a punir Maria, que se mudou para a Holanda com seu marido holandês há dois anos.
"Não parece um pouco desonesto por parte de Deus não termos a possibilidade de escolher nossos pais?", perguntou.
Alguns sites exigiram a renúncia de Broertjes por seu pedido de expulsão.
"Se uma filha é efetivamente responsável pelos atos de seu pai, então a rainha Máxima Zorreguieta (seu nome de solteira) deveria ter deixado o país há tempos", escreveu waarinholland.nl.
Seu pai, Jorge Zorreguieta, foi de 1979 a 1981 ministro da agricultura sob o regime argentino do general Videla.
"O pai Jorge e a filha Máxima dizem que não sabiam nada sobre os 'voos da morte' utilizados por Videla para se livrar de seus opositores políticos", conta waarinholland.nl.
"Mas, é claro, era impossível não saber nada destas coisas quando se formava parte do regime na Argentina, onde os vínculos sociais são fortes".
Máxima Zorreguieta se casou em 2002 com o príncipe herdeiro da Holanda Willem-Alexander, que se converteu em rei do país em 2013 após a abdicação de sua mãe, Beatrix.