Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, informou em documento que concorda com um Estado Palestino transitório com as fronteiras de 1967 (Mahmud Hams/AFP)
Reuters
Publicado em 2 de maio de 2017 às 09h48.
Gaza / Doha - O grupo palestino islâmico Hamas descartou nesta segunda-feira seu antigo pedido de destruição de Israel, mas disse que ainda rejeita o direito de existência do país e apoia "esforços armados" contra ele.
Em documento político apresentado em Doha pelo líder Khaled Meshaal, o Hamas também informou que irá acabar sua associação com a Irmandade Muçulmana, em atitude aparentemente com objetivo de melhorar os laços com Estados do Golfo Árabe e Egito, que veem a Irmandade como um grupo terrorista.
Israel respondeu ao anúncio acusando o Hamas de tentar "enganar o mundo", enquanto o principal rival político palestino do grupo, a facção Fatah do presidente Mahmoud Abbas, também reagiu friamente à mudança política.
A publicação do documento político acontece dois dias antes da viagem programada de Abbas a Washington e dias após o presidente Donald Trump dizer à Reuters que pode viajar a Israel neste mês e que não vê razão para não haver paz entre Israel e os palestinos.
"Não queremos dissolver nossos princípios, mas queremos estar abertos. Esperamos que (este documento) possa marcar uma mudança na postura dos Estados europeus em nossa direção", disse Meshaal a repórteres.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, informou em documento que concorda com um Estado Palestino transitório com as fronteiras de 1967, quando Israel capturou Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental em uma guerra com Estados árabes. Israel se retirou de Gaza em 2005.
"O Hamas defende a liberação de toda a Palestina, mas está pronto para apoiar o Estado nas fronteiras de 1967 sem reconhecer Israel ou ceder quaisquer direitos", disse Meshaal, em uma mudança que leva o Hamas para linha mais próxima à posição do Fatah.
Israel informou que o documento tem objetivo de enganar o mundo de que o Hamas está se tornando mais moderado.
"O Hamas está tentando enganar o mundo, mas não irá conseguir", disse David Keyes, porta-voz do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "Eles cavaram túneis de terror e lançaram milhares e milhares de mísseis contra civis israelenses. Este é o verdadeiro Hamas."
Fundado em 1987 como uma ramificação da Irmandade Muçulmana, movimento egípcio islâmico banido, o Hamas lutou três guerras com Israel desde 2007 e realizou centenas de ataques armados em Israel e territórios ocupados por Israel.
Muitos países ocidentais classificam o Hamas como um grupo terrorista por não renunciar à violência, não reconhecer o direito de existência de Israel ou por não aceitar acordos de paz internos existentes entre Israel e palestinos.
Meshaal disse que a luta do Hamas não é contra o judaísmo como uma religião, mas contra o que chamou de "agressores sionistas".