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Guaidó quer reunir 1 milhão de voluntários para receber ajuda humanitária

Em toldos improvisados, clínicos-gerais, pediatras, nutricionistas, odontologistas e enfermeiros voluntários atenderam venezuelanos

Juan Guaidó: líder da oposição, que se autoproclamou presidente interino neste ano (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Juan Guaidó: líder da oposição, que se autoproclamou presidente interino neste ano (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 07h40.

Brigadas de voluntários começaram neste domingo (17) a se preparar para enfrentar o bloqueio do governo venezuelano à entrada, no próximo sábado, da ajuda humanitária armazenada em Colômbia, Brasil e Curaçao, a maior parte enviada pelos Estados Unidos, a pedido do opositor Juan Guaidó.

"Nossa principal tarefa é chegar a 1 milhão de voluntários para 23 de fevereiro. Presencialmente nos pontos de encontro, ou de forma ativa pelas redes sociais", pediu o líder opositor em mensagem enviada aos 600 mil já inscritos.

A pedido de Guaidó, reconhecido como presidente interino por 50 países, grupos de voluntários começaram a trabalhar no domingo em vários estados do país, em reuniões de preparação e nos chamados "acampamentos humanitários".

Debaixo de toldos instalados em diversos pontos do país, clínicos-gerais, pediatras, nutricionistas, odontologistas e enfermeiros voluntários atenderam os moradores de várias comunidades.

No domingo à noite, o governo proibiu a entrada no país de cinco deputados do Grupo do Partido Popular Europeu (PPE) e do subsecretário-geral da formação, que teriam uma reunião com Guaidó. O chanceler Jorge Arreaza citou "fins conspirativos" para justificar o retorno dos políticos ao aeroporto internacional de Maiquetía.

"A delegação de eurodeputados foi expulsa por um regime isolado e cada vez mais irracional. É o usurpador que eleva o custo do que é um fato: a transição", reagiu o líder opositor no Twitter.

Guaidó, chefe do Parlamento, de maioria opositora, garante que o país "se prepara para a avalanche humanitária", embora não tenha revelado detalhes que poderiam arruinar a operação.

"Vamos anunciando coisas específicas, pouco a pouco", comentou o opositor, de 35 anos, que defende um governo de transição e eleições.

O presidente Nicolás Maduro ordenou aos militares que bloqueiem a entrada da ajuda em remédios e alimentos, por considerá-la um "show político" e o começo de uma invasão militar americana.

Esta disputa em um país que vive uma catástrofe socioeconômica com escassez de medicamentos e uma hiperinflação que torna os alimentos impagáveis. Devido à crise, 2,3 milhões de venezuelanos sdaíram do país desde 2015, segundo a ONU.

"Por terra e por mar"

Guaidó escolheu para a entrada da ajuda o dia 23 de fevereiro, quando se completa um mês de sua autoproclamação como presidente interino para organizar eleições livres, depois que o Congresso declarou Maduro "usurpador" ao tomar posse para um segundo mandato em eleições que a oposição denunciou como "fraudulentas".

Como parte da operação, o chefe legislativo convocou mobilizações em toda a Venezuela para acompanhar as brigadas de voluntários que irão em caravana de ônibus aos pontos de entrada dos carregamentos.

Três aviões militares dos Estados Unidos chegaram no sábado à cidade colombiana de Cúcuta, onde estão armazenados remédios e alimentos desde 7 de fevereiro, perto da ponte limítrofe Tienditas, bloqueada por militares venezuelanos com caminhões e outros obstáculos.

O senador republicano americano Marco Rubio chegou neste domingo à Colômbia e se reuniu com funcionários do centro de armazenamento em Cúcuta. Ele também visitou a ponte internacional Simón Bolívar, na fronteira com San Antonio de Táchira (Venezuela).

Outro centro de armazenamento no Brasil será aberto na segunda-feira no estado de Roraima, onde haverá somente ajuda brasileira, e na terça-feira chegará um avião de Miami a Curaçao com mais assistência americana, segundo a equipe de Guaidó.

"Entrará sim ou sim por terra e por mar", declarou o opositor. Outro avião enviado por Porto Rico chegou na sexta-feira a Cúcuta, enquanto Chile e outros países também recolhem toneladas de ajuda.

Maduro chama a ajuda de "migalhas" de "comida podre e contaminada" e culpa pela escassez as sanções impostas pelos Estados Unidos, que gera danos à economia estimados por Caracas em 30 bilhões de dólares.

Mobilização militar

Guaidó multiplicou os chamados à Força Armada para não reconhecer Maduro e deixar a assistência entrar, assinalando que as pessoas estão passando por dificuldades e que impedir a ajuda é um "crime contra a humanidade".

A Força Armada é considerada o principal pilar do governo e sua cúpula militar já reafirmou sua lealdade absoluta.

Na sexta-feira, após terminada uma semana de exercícios militares, Maduro pediu ao alto comando militar um "plano especial de mobilização" nas fronteiras, frente a uma ação militar americana, não descartada pelo governo de Donald Trump.

Maduro, que tem o respaldo de Rússia, China, Turquia, Irã e Cuba - cujas Forças Armadas reiteraram seu apoio, neste sábado -, diz que a Venezuela está no centro de uma luta "geopolítica", na qual Washington busca se apropriar do ouro e petróleo venezuelanos, usando Guaidó como "fantoche".

Na Conferência de Segurança de Munique, o vice-presidente americano, Mike Pence, urgiu no sábado à União Europeia (UE) que reconheça Guaidó, pois embora vários países europeus tenham feito isto, alguns travam uma posição comum do bloco.

Uma delegação do Grupo do Partido Popular Europeu (PPE), liderada por Esteban González Pons, vice-presidente, chega neste domingo à Venezuela para se reunir com Guaidó.

UE e Uruguai enviarão nos próximos dias uma missão técnica à Venezuela com especialistas eleitorais e de ajuda humanitária.

Guaidó destacou que arrecadaram 110 milhões de dólares em assistência e, para 22 de fevereiro, o bilionário britânico Richard Branson organiza um show em Cúcuta, com artistas de renome internacional, a fim de arrecadar outros 100 milhões em 60 dias.

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