Mundo

Guaidó diz que mantém contato discreto com militares da Venezuela

O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, afirmou que 91% da população quer mudanças no governo do presidente Nicolás Maduro

Guaidó considera membros das Forças Armadas o "último apêndice de apoio ao regime ditatorial" de Maduro (Manaure Quintero/Reuters)

Guaidó considera membros das Forças Armadas o "último apêndice de apoio ao regime ditatorial" de Maduro (Manaure Quintero/Reuters)

A

AFP

Publicado em 9 de abril de 2019 às 15h02.

O opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, disse nesta terça-feira ter mantido contatos "muito discretos" com militares venezuelanos e ressaltou que a esmagadora maioria das Forças Armadas de seu país quer uma mudança do governo.

"Tivemos comunicações muito discretas, é claro, com os militares, mas não é o momento de dar alguns detalhes porque infelizmente aqui (na Venezuela) se vive uma ditadura. A perseguição está na ordem do dia", disse Guaidó em entrevista à rádio RPP.

Segundo ele, 91% dos venezuelanos querem uma mudança no governo do presidente Nicolás Maduro "e isso não foge das Forças Armadas".

"A família militar e todos aqueles que estão vinculados à crise na Venezuela sabem o que vivem", disse.

Para Guaidó, há "algumas características importantes de mal-estar" nos membros das Forças Armadas, que ele considera "o último apêndice de apoio ao regime ditatorial" de Maduro.

Ele garantiu que as forças de oposição "continuarão a lutar pacificamente, não violentamente, mas de forma muito contundente para alcançar esse passo adicional e recuperar a democracia".

Guaidó denunciou a existência de mil presos políticos em seu país, incluindo seu chefe de gabinete, Roberto Marrero. Os responsáveis pelas empresas de som usadas nas manifestações da oposição também foram brevemente detidos e devem se apresentar aos tribunais.

Ele afirma, entretanto, que apesar da perseguição, o apoio cresce.

Guaidó se auproclamou presidente interino em 23 de janeiro, depois que o parlamento, que tinha uma maioria de oposição, declarou Maduro "usurpador" da presidência, por uma eleição de "fraudulenta".

Desde então, ele lidera a oposição com um roteiro: fim da usurpação, governo de transição e eleições livres. Cerca de cinquenta países, incluindo o Brasil, o apoiam.

O opositor disse à RPP que, em um novo governo "todas as (obrigações) contraídas legitimamente serão cumpridas" pela Venezuela.

"Não será um problema para Rússia, China ou qualquer outro país, porque o que será respeitado é o Estado de direito, a constituição, o resgate da segurança jurídica que falta hoje para gerar confiança em nossa economia", concluiu.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaJuan GuaidóMilitaresVenezuela

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua