Glenn Greenwald, jornalista que publicou as revelações de Edward Snowden: ele revelou que a NSA tem acesso a dados de usuários do Google e do Facebook (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2013 às 06h56.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 16h29.
Londres — Glenn Greenwald, o jornalista que divulgou o alcance da espionagem dos EUA a partir das informações de Edward Snowden, anunciou nesta quarta-feira que vai deixar o jornal "The Guardian", onde suas histórias foram publicadas.
Em comunicado divulgado hoje, Greenwald, que foi contratado pela publicação em 2012, informou que sua parceria com o "The Guardian" foi "extremamente frutífera", mas que recebeu uma proposta de trabalho única, irrecusável, sem oferecer mais detalhes sobre a mesma.
O jornalista americano, que vive no Brasil, teve acesso às informações sobre a espionagem dos EUA através de Snowden, antigo colaborador da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana e que está refugiado na Rússia.
Em sua nota sobre a saída do "Guardian", Greenwald destacou que respeita os diretores e jornalistas com quem trabalhou e acrescentou: "Estou incrivelmente orgulhoso do que conseguimos".
"A decisão de sair não foi fácil, mas recebi uma oportunidade única na carreira, que nenhum jornalista poderia rejeitar", acrescentou Greenwald, que esclareceu que não pode dar detalhes sobre a proposta.
Após saber da notícia, um porta-voz do "The Guardian" ressaltou que Greenwald é um "jornalista extraordinário" e que "foi fantástico trabalhar com ele".
"Nosso trabalho no último ano demonstrou a importância que o jornalismo de investigação responsável pode desempenhar para que aqueles que estão no poder prestem contas", destacou o porta-voz.
A fonte do jornal reconheceu que proposta que Greenwald recebeu é irrecusável, mas também não deu informações sobre a mesma.
Greenwald foi uma das peças cruciais da engrenagem que revelou o suposto sistema com o qual os serviços secretos americanos espionam milhões de pessoas.
Com as confidências de Snowden, Greenwald revelou no jornal britânico que a NSA trabalha com um programa chamado "Prism" que permite que seus agentes tenham acesso direto às informações armazenadas em empresas como Google, Microsoft, Apple, Facebook e Skype.
Greenwald se formou em direito em 1994 em Nova York e criou seu próprio escritório, no qual se dedicou a defender casos relacionados com o direito constitucional e os direitos civis.
Uma década depois, decidiu deixar de advogar e criou um blog pessoal, "Unclaimed Territory" ("Território sem dono"), no qual postava suas opiniões políticas e, logo em seguida, começou a escrever no site "Salon.com" e a publicar diversos livros.
Depois colaborou com meios como "The New York Times", "Los Angeles Times" e "The Guardian", que o contratou em 2012 em definitivo.
No último mês de agosto, o companheiro de Greenwald, o brasileiro David Miranda, foi retido pela polícia britânica no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando fazia uma conexão entre Berlim e Rio de Janeiro.
Segundo David, os agentes apreenderam vários de seus aparelhos eletrônicos, como computador, celular e dispositivos de memória.
David Miranda voltava de Berlim, onde tinha visitado à documentarista Laura Poitras, que trabalhava com Greenwald e outros jornalistas na análise dos documentos entregues por Snowden.