Medida entra em vigor na próxima terça-feira (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de janeiro de 2011 às 14h43.
Londres - A Grã-Bretanha inicia uma era de austeridade, com a entrada em vigor, na próxima terça-feira, de um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) de 20%, a primeira das medidas com as quais o governo de David Cameron buscará reduzir o enorme déficit do país em um prazo de cinco anos.
O aumento do IVA é a primeira das medidas com as quais a Grã-Bretanha abandonou as políticas de reativação econômica a favor da luta por reduzir o déficit público, agora uma prioriedade absoluta em toda a Europa.
O IVA na Grã-Bretanha, que havia sido reduzido a 15% pelo governo trabalhista de Gordon Brown, durante a crise econômica e financeira global, foi elevado para 17,5%, ainda uma das taxas mais baixas da UE. Agora, ao aumentar para 20%, supera os de França e Alemanha.
A medida gerará mais de 12 bilhões de libras (18,7 bilhões de dólares) em ingressos anuais suplementares até o fim da legislatura e constitui uma das principais cartas do orçamento emergencial apresentado pelo governo de coalizão de conservadores e liberais.
O plano de austeridade, sem precedentes na história do país, visa a economizar 81 bilhões de libras (126 bilhões de dólares) em menos de cinco anos, às quais se somarão 30 bilhões de libras que se espera arrecadar com a alta de impostos.
A meta do plano de austeridade do governo Cameron é reduzir o déficit público britânico para 1,1% do PIB em 2015, dos 10,1% em que se encontra atualmente.
Segundo as últimas projeções oficiais, o plano de austeridade implicará o corte de 330.000 empregos públicos nos próximos quatro anos e uma redução drástica do orçamento de praticamente todos os ministérios.
A maioria dos cortes orçamentários, cuja distribuição não foi anunciada até novembro, entrará em vigor a partir do próximo ano fiscal, que começa em abril.
A primavera (boreal) promete ser agitada na Grã-Bretanha. Os sindicatos, que até o momento fizeram greves esporádicas contra as medidas de austeridade, tentarão mobilizar seus afiliados quando os cortes entrarem em vigor e esperam organizar protestos ao nível nacional, segundo anunciaram várias associações de funcionários.
O outono (boreal) também virá com demonstrações de descontentamento, quando entrar em vigor o aumento das matrículas universitárias, que dobrarão e inclusive triplicarão em algumas instituições.
A medida já desencadeou uma forte onda de protestos de estudantes, cuja mobilização maciça surpreendeu um país já desacostumado com manifestações deste porte.
Em mensagem de Ano Novo, o primeiro-ministro conservador David Cameron reiterou que os sacrifícios são indispensáveis para reordenar as finanças públicas e evitar que o país se veja em uma situação com a da Grécia ou da vizinha Irlanda.
"O ano de 2011 será difícil, pois devemos atravessar uma etapa dolorosa, mas necessária. No entanto, estas medidas são essenciais para reordenar nossa economia e pôr nosso país no bom caminho", destacou.
Os economistas, que por enquando descartam uma recaída recessiva, se preocupam, por sua vez, com o impacto do plano de austeridade sobre o desemprego e o crescimento econômico, que poderia ser afetado também pelos vai-e-vens da zona do euro.