Governo venezuelano reabre fábrica da Kellogg após fechamento
Considerando arbitrário e ilegal o encerramento das atividades da empresa americana no país, governo do estado de Aragua assumiu o controle da fábrica
EFE
Publicado em 16 de maio de 2018 às 17h27.
Caracas - O governador de Aragua, Rodolfo Marco, anunciou nesta quarta-feira a retomada das operações da fábrica da Kellogg nesse estado depois que a empresa de alimentos americana anunciou a cessação das suas operações na Venezuela .
"Aqui estamos na fábrica Kellogg's Maracay com a classe operária", declarou em um vídeo divulgado no Twitter o governador, que falou na sede de uma das maiores fábricas de cereais do país junto a um grupo de trabalhadores.
"Vamos reativar a fábrica no dia de hoje, 24 horas e já hoje, 16 de maio, com todos os trabalhadores, toda a classe operária, vamos dar início às operações", acrescentou.
A empresa americana comunicou ontem aos seus trabalhadores na Venezuela, através de um cartaz fixado na entrada das suas instalações, a cessação de trabalhos de maneira indefinida, sem dar explicações dos seus motivos.
Um dos trabalhadores da empresa que pediu anonimato confirmou à Agência Efe o "pagamento completo dos salários, benefícios e prestações sociais por virtude da terminação laboral", e garantiu que até antes deste anúncio intempestivo as operações desenvolviam-se com normalidade.
Após o fechamento "arbitrário e ilegal" da fabricante de cereais, disse o governador de Aragua, "viemos garantir a estabilidade dos seus trabalhadores e o direito do nosso povo à alimentação".
Nesse sentido, destacou que a fábrica está "totalmente reativada" e que será operada pelos seus trabalhadores, embora não tenha deixado claro se o Estado exercerá medidas coercitivas sobre os donos, além da desapropriação das instalações ou o uso de alguma medida legal para utilizar a marca.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, indicou ontem que pedirá à Interpol a captura dos seus proprietários e acionistas por deixarem o país de forma "ilegal", em uma decisão que afetou a estabilidade de mais de quinhentos trabalhadores.
O governo de Maduro exerceu medidas similares contra outras empresas após os anúncios respectivos de fechamento, entre elas as também americanas Kimbely-Clark e Clorox.
Durante os últimos anos a empresa tinha começado a mudar as apresentações dos seus produtos para enfrentar a crise de escassez do país, e especialmente nos últimos meses subiu semanalmente os preços para manter a rentabilidade dos artigos em meio à hiperinflação.
A principal patronal da Venezuela, a Fedecámaras, indicou que nos últimos 19 anos de governo chavista mais de mil companhias de todas as áreas encerraram suas operações no país, como consequência da crise e dos controles do Estado sobre a iniciativa privada.