Taiwan: tensões entre a ilha e a China continental têm envolvido grandes potências
Redação Exame
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 10h31.
O governo dos Estados Unidos aprovou a venda do segundo lote de armas a Taiwan, no valor de US$ 11,1 bilhões. A informação foi divulgada pelo governo de Taipé nesta quinta-feira, 18.
"Esta é a segunda venda de armas a Taiwan anunciada durante o segundo mandato da administração Trump, o que demonstra mais uma vez o firme compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Taiwan", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Taipé.
O Ministério da Defesa indicou esperar que a venda entre em vigor oficialmente em aproximadamente um mês.
Embora o acordo ainda precise da aprovação do Congresso dos Estados Unidos, é pouco provável que seja vetado, devido ao consenso entre os partidos sobre a defesa de Taiwan.
A ilha asiática voltou a concentrar tensões entre potências regionais e globais nos últimos meses. No dia 5 de dezembro, Taiwan afirmou que a China mobilizou navios de guerra desde o Mar Amarelo até o Mar do Sul da China, em "operações militares" que se estendem por centenas de quilômetros.
O próprio status político da ilha é alvo de divergências. Pequim considera o território como parte da China, enquanto os taiwaneses se declaram independentes.
A situação é tensa desde a década de 1950, quando a revolução camponesa de Mao Tsé-Tung teve sucesso e tomou o poder na porção continental da China. Desde então, Taiwan concentra dissidentes do sistema chinês e sua administração é independente.
Com tensões internas escalando e uma onda de protestos taiwaneses nos últimos anos, o governo de Xi Jinping não descarta a possibilidade de tomar controle do território, inclusive pela força. Em reação, a ilha tem intensificado sua capacidade bélica.
Washington não reconhece Taiwan como país, mas é o maior responsável pela segurança da ilha. Os fornecimentos de armas também atuam como um elemento de dissuasão fundamental contra um possível ataque de Pequim.
Segundo o Ministério da Defesa taiwanês, o pacote aprovado pelo governo Trump inclui oito itens, como sistemas de foguetes HIMARS, projéteis antitanque, drones e peças para outros equipamentos militares.
O governo do presidente taiwanês, Lai Ching-te, se comprometeu a aumentar os investimentos em tecnologia militar diante das pressões chinesas.
A ilha tem a sua própria indústria de defesa, mas o seu Exército seria amplamente superado em um eventual conflito com a China, razão pela qual continua a depender em grande medida das armas americanas.
No início de novembro, a nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, afirmou no Parlamento que um ataque armado da China contra Taiwan poderia justificar o envio de tropas para apoiar a ilha, em virtude da "autodefesa coletiva".
O anúncio foi reprovado pela China, que fez um apelo para que Washington deixe de fornecer armas à ilha de governo autônomo.
"A China pede ao governo dos Estados Unidos que cumpra o princípio de uma só China e pare imediatamente com as perigosas ações de armar Taiwan", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun.
*Com informações da AFP