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Governo permitiu que BP utilizasse produtos tóxicos em vazamento

Guarda Litorânea autorizou em 74 ocasiões os pedidos da BP para usar químicos tóxicos na superfície, e também sob a água na proximidade do poço

Área do Golfo do méxico após acidente de abril de 2010 (.)

Área do Golfo do méxico após acidente de abril de 2010 (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

Washington - A Guarda Litorânea dos EUA permitiu que a empresa British Petroleum (BP) utilizasse químicos tóxicos em excesso para dispersar o petróleo no Golfo do México, apesar de uma diretriz federal que restringia ao máximo o uso, segundo relatório do Congresso divulgado neste domingo pela imprensa americana.

O uso de substâncias químicas tóxicas para separar o petróleo na superfície das águas não é uma novidade, pois já em maio a imprensa denunciou essa prática, mas o que consta agora é que a Guarda Litorânea permitiu a utilização, ignorando uma normativa que autoriza seu uso somente em "casos raros".

O documento, publicado neste domingo pelo jornal "The Washington Post", foi elaborado pela Subcomissão de Energia e Meio Ambiente da Câmara de Representantes, que revisou documentos da BP e do Governo dos Estados Unidos.

Os investigadores do Congresso concluíram que as exceções autorizadas pela Guarda Litorânea "não eram limitadas", disse o representante democrata de Massachusetts Edward Markey, que preside a subcomissão, em carta dirigida ao almirante aposentado da Guarda Litorânea Thad Allen, que supervisiona e coordena a resposta do Governo ao vazamento.

O relatório revela que a Guarda Litorânea autorizou em 74 ocasiões os pedidos da BP para usar químicos tóxicos na superfície, e também sob a água na proximidade do poço que deixa vazar petróleo desde o último dia 20 de abril, quando explodiu a plataforma de prospecção.

De fato, as exceções foram emitidas durante 54 dias, e depois que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), restringiu em 26 de maio o uso dos químicos, acrescenta o Congresso na investigação.

A EPA, junto com a Guarda Litorânea, tomou então a decisão de pedir à BP que deixasse de aplicar os químicos na superfície, mas a normativa também estabelecia que a companhia petrolífera podia solicitar uma exceção se outros esforços fracassassem.

No entanto, a Guarda Litorânea aprovou todas as solicitações da BP ou de comandantes locais destinados em Houma (no estado da Louisiana), embora em alguns casos ordenou reduzir a quantidade dos químicos que a companhia petrolífera podia utilizar.

Em outras ocasiões, a BP utilizou, no entanto, mais produtos que os permitidos pelas exceções aprovadas, segundo a rede televisiva "CNN".

Em sua carta, Markey afirmou que as permissões foram usadas "praticamente todos os dias desde que a diretriz foi emitida".

Frequentemente foram utilizados 23 mil litros por dia para dispersar o petróleo, mas também houve dias com 38 mil litros e até 136 mil, segundo o relatório.

O documento questiona agora a quantidade de produtos químicos utilizada pela BP no Golfo do México. A empresa afirma que utilizou quase 7 milhões de litros.

A Guarda Litorânea defendeu sua decisão de autorizar exceções à BP, e a EPA explicou que o uso dos químicos diminuiu em 72% em comparação com o período no qual mais foram aplicados.

Em maio, quando a imprensa e a sociedade americana começaram a denunciar o uso desses líquidos tóxicos, a BP disse que se tratavam de produtos aprovados pela EPA, e afirmou que eram os "mais utilizados na indústria".

Allen, por sua parte, disse ao "The Washington Post" que, em algumas ocasiões, a enorme quantidade de petróleo na superfície justificou uma decisão "tática" por parte os comandantes da Guarda Litorânea destinados na área para recorrer aos químicos. EFE

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