Policiais verificam o perímetro de uma delegacia incendiada no dia anterior em Porto Príncipe, Haiti (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 7 de março de 2024 às 15h30.
Última atualização em 7 de março de 2024 às 15h31.
O governo do Haiti prorrogou, nesta quinta-feira, por um mês, o estado de exceção no departamento da capital Porto Príncipe, atingida pela violência de gangues, segundo publicação no Diário Oficial do país caribenho. A notícia foi confirmada à AFP por uma fonte do governo, que especificou que "o toque de recolher será aplicado de acordo com as necessidades" das autoridades.
O estado de emergência foi decretado no domingo, um dia depois que uma gangue armada invadiu uma penitenciária e liberou quase todos os 4 mil homens presos no local. Ao menos dez pessoas morreram no ataque. Originalmente, os decretos foram planejados para durar até quarta-feira, mas o governo já havia dito que eles poderiam ser prorrogados.
Gangues armadas que controlam grande parte de Porto Príncipe voltaram a incendiar um posto policial na noite de quarta-feira. A subestação policial atacada está localizada em Bas-Peu-de-Chose, um bairro da capital que sofre frequentemente ataques de gangues, disse à AFP Lionel Lazarre, coordenador geral do Sindicato Nacional dos Policiais Haitianos (Synapoha).
Os agentes do posto tiveram tempo de abandonar o edifício antes do ataque, segundo Lazarre oficial, que garantiu que o ataque estava planejado desde o fim de semana passado. As gangues também incendiaram uma viatura policial e diversas motocicletas. Pouco antes deste último ataque, o Conselho de Segurança da ONU manifestou preocupação com a situação "crítica" no Haiti.
As gangues atacam há dias locais estratégicos do país, incluindo diversas delegacias. Um influente líder de gangue, Jimmy Chérizier, alertou na terça-feira que se o primeiro-ministro, Ariel Henry, não renunciasse, o país caminharia para uma guerra civil.
— Ou o Haiti se torna um paraíso para todos ou um inferno para todos — declarou Chérizier, um ex-policial de 46 anos apelidado de "Barbecue".
De acordo com uma contagem da Synapoha, desde o início dos ataques coordenados de gangues, 10 edifícios policiais foram destruídos e duas prisões civis foram atacadas e os presos fugiram.
Em meio ao estado de exceção e toque de recolher obrigatório noturno, com autoridades e escolas fechadas, muitos moradores tentam fugir da violência com os seus poucos pertences debaixo do braço, enquanto outros se aventuram apenas para comprar bens essenciais.