Edmundo Gonzáles Urrutia (Gabriela Oraa/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 8 de setembro de 2024 às 09h55.
Última atualização em 8 de setembro de 2024 às 09h57.
Edmundo González, candidato da oposição que concorreu contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nas eleições de julho, deixou o país neste domingo em direção à Espanha após solicitar asilo político. González era alvo de um mandado de prisão solicitado pelo Ministério Público e aceito pela Justiça venezuelana. Ele é pelo menos o terceiro grande opositor do regime de Maduro a deixar a Venezuela em busca de asilo político.
A informação da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do país europeu na madrugada deste domingo. O ex-diplomata de 75 anos é acusado de cinco crimes pelo Ministério Público, ligado ao chavismo, e tornou-se alvo de um mandado de prisão na semana passada após ter ignorado três intimações para depor.
A partida de González, na clandestinidade há mais de um mês, ocorre um dia após Maduro revogar "de maneira imediata" a autorização para que a Embaixada da Argentina em Caracas, que abriga colaboradores da líder da oposição, María Corina Machado, tenha custódia do Brasil no país. O asilo foi comunicado pela vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, nas redes sociais:
O pedido de asilo de González ocorre no contexto da crise pós-eleições na Venezuela, nas quais Maduro foi proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, resultado contestado pela oposição e boa parte da comunidade internacional.
González e María Corina acusam fraude na votação e alegam que o ex-diplomata foi o verdadeiro vencedor, segundo atas da votação a que afirmam terem tido acesso. Os líderes da oposição criaram um site — foco das intimações — para publicar as cópias desses comprovantes. O governo Maduro considera as atas da oposição "forjadas".
Já Juan Guaidó, foi forçado a deixar a Colômbia após cruzar a fronteira entre os dois países a pé. Guaidó havia chegado horas antes para uma conferência internacional sobre a Venezuela, que começa nesta terça, em Bogotá. Sem convite para a cúpula, o opositor dizia levar uma série de pedidos de representantes de 20 países, incluindo os Estados Unidos.
Horas após o incidente, a Chancelaria da Colômbia publicou um comunicado informando que Guaidó estava em Bogotá de forma irregular. Guaidó, por sua vez, publicou um vídeo afirmando que estava deixando a Colômbia devido a ameaças de Maduro contra ele e sua família. Segundo o opositor, as ameaças "se espalharam para a Colômbia". Já em Miami, Guaidó voltou a dizer à mídia local que estava "muito preocupado" com sua família e sua equipe de trabalho.
O líder oposicionista chegou a ser reconhecido como presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos e mais 50 países, incluindo o Brasil, do início de 2019 até janeiro de 2023. Mas, após uma tentativa fracassada de tirar Maduro do poder a qualquer custo, o opositor acabou perdendo legitimidade interna e externamente.
O opositor Leopoldo López fez, em 2020, trajeto parecido com o que faz agora González. Ele desembarcou na capital espanhola depois de passar 18 meses na residência do embaixador espanhol na Venezuela, de modo a escapar da prisão domiciliar.
López foi condenado a 14 anos de prisão por atos de violência em protestos contra o governo em 2014. Durante sua prisão domiciliar, tornou-se o mentor do presidente interino, Juan Guaidó, que no início do ano passado invocou a Constituição para assumir o cargo e iniciou uma campanha para derrubar Maduro, até agora sem sucesso. Após o fracasso de um levante de um grupo de militares , em abril de 2019, López refugiou-se primeiro na residência diplomática chilena, e depois na Embaixada da Espanha.
O governo de Nicolás Maduro acusou o líder opositor, fundador do partido Vontade Popular, de ter planejado uma tentativa de incursão armada na Venezuela de dentro da residência do embaixador espanhol em Caracas.