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Metano: gás que ameaça Center Norte é fonte preciosa de energia

Levantamento mostra que o metano liberado na decomposição da matéria orgânica de lixões e aterros sanitários tem potencial para abastecer 18,3 milhões de casas no Brasil

Lixão localizado próximo à Praia da Baleia, na Rodovia Rio-Santos, no Litoral Norte (Rogério Montenegro)

Vanessa Barbosa

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 15h38.

São Paulo – A polêmica em torno do Shopping Center Norte , em São Paulo, chamou a atenção da população para um gás comum na natureza, mas dono de má fama: o metano ou, na fórmula química, CH4. Encontrado em altas concentrações no subsolo do centro comercial, o gás inflamável em contato com ar é produzido por inúmeros processos naturais, entre eles, a decomposição da matéria orgânica presente, por exemplo, em lixões e aterros sanitários.

Esse mesmo gás que levou à interdição do shopping paulista devido ao risco de explosão é também fonte preciosa de energia , porém ainda pouco aproveitada no país. Um levantamento realizado pela consultoria de energia Andrade & Canellas revela que o Brasil deixa de produzir entre 3.050 e 3.660 gigawatts (GWh) todos os anos a partir do biogás gerado pela decomposição do lixo urbano em todo o país.

Na ponta do lápis, se as 61 milhões de toneladas de resíduos produzidas pelas cidades brasileiras em 2010 fossem transformada em energia, seria possível abastecer até 18,3 milhões de casas. Acontece que a maioria dos proprietários de aterros opta pela queima simples do gás ao invés de aproveitar o combustível para gerar energia, apesar de a atividade ser economicamente viável.

Por que o desperdício de uma fonte tão preciosa de energia? Entre os principais obstáculos para o aproveitamento do biogás, segundo a consultoria, estão a falta de linhas de financiamento específicas para projetos de bioenergia e a inexistência de políticas públicas voltadas especificamente para o setor. Para a gerente do núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da Andrade & Canellas, Monica Rodrigues de Souza, a atual discussão sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos é uma oportunidade para repensar o setor.

“O não aproveitamento da fonte é inaceitável tanto do ponto de vista estrutural, uma vez que a demanda por energia no país está em plena expansão, tanto pelo risco que ele oferece, já que seu acúmulo no interior de edificações eventualmente construídas sobre os aterros pode causar explosões”, afirma.

De acordo com o professor Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, do departamento de Ciências do Solo da Esaelq-Usp, é justamente a qualidade explosiva do gás metano que o torna tão atraente para geração energética. “No Brasil, o biogás vem sendo utilizado para geração de energia elétrica, térmica ou mecânica na produção rural, o que ajuda a reduzir custos”, diz.

Fora daqui, os exemplos impressionam. Em Copenhagen, o calor que vem do lixo aquece 97% da capital dinamarquesa. O sistema utiliza o calor residual das usinas de incineração de lixo e das usinas de produção combinada de calor e energia, as chamadas CHPs. Dessa forma, a cidade economiza energia e reduz consideravelmente as emissões de CO2 e de poluentes.

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São Paulo – A polêmica em torno do Shopping Center Norte , em São Paulo, chamou a atenção da população para um gás comum na natureza, mas dono de má fama: o metano ou, na fórmula química, CH4. Encontrado em altas concentrações no subsolo do centro comercial, o gás inflamável em contato com ar é produzido por inúmeros processos naturais, entre eles, a decomposição da matéria orgânica presente, por exemplo, em lixões e aterros sanitários.

Esse mesmo gás que levou à interdição do shopping paulista devido ao risco de explosão é também fonte preciosa de energia , porém ainda pouco aproveitada no país. Um levantamento realizado pela consultoria de energia Andrade & Canellas revela que o Brasil deixa de produzir entre 3.050 e 3.660 gigawatts (GWh) todos os anos a partir do biogás gerado pela decomposição do lixo urbano em todo o país.

Na ponta do lápis, se as 61 milhões de toneladas de resíduos produzidas pelas cidades brasileiras em 2010 fossem transformada em energia, seria possível abastecer até 18,3 milhões de casas. Acontece que a maioria dos proprietários de aterros opta pela queima simples do gás ao invés de aproveitar o combustível para gerar energia, apesar de a atividade ser economicamente viável.

Por que o desperdício de uma fonte tão preciosa de energia? Entre os principais obstáculos para o aproveitamento do biogás, segundo a consultoria, estão a falta de linhas de financiamento específicas para projetos de bioenergia e a inexistência de políticas públicas voltadas especificamente para o setor. Para a gerente do núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da Andrade & Canellas, Monica Rodrigues de Souza, a atual discussão sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos é uma oportunidade para repensar o setor.

“O não aproveitamento da fonte é inaceitável tanto do ponto de vista estrutural, uma vez que a demanda por energia no país está em plena expansão, tanto pelo risco que ele oferece, já que seu acúmulo no interior de edificações eventualmente construídas sobre os aterros pode causar explosões”, afirma.

De acordo com o professor Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, do departamento de Ciências do Solo da Esaelq-Usp, é justamente a qualidade explosiva do gás metano que o torna tão atraente para geração energética. “No Brasil, o biogás vem sendo utilizado para geração de energia elétrica, térmica ou mecânica na produção rural, o que ajuda a reduzir custos”, diz.

Fora daqui, os exemplos impressionam. Em Copenhagen, o calor que vem do lixo aquece 97% da capital dinamarquesa. O sistema utiliza o calor residual das usinas de incineração de lixo e das usinas de produção combinada de calor e energia, as chamadas CHPs. Dessa forma, a cidade economiza energia e reduz consideravelmente as emissões de CO2 e de poluentes.

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