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Fundador do WikiLeaks é ouvido pela justiça em Londres

Australiano, de 45 anos, deu pela primeira vez sua versão sobre os fatos à Justiça

Julian Assange: Suécia e Equador negociaram há meses as condições de seu interrogatório (Getty Images)

Julian Assange: Suécia e Equador negociaram há meses as condições de seu interrogatório (Getty Images)

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AFP

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 21h43.

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi ouvido nesta segunda-feira na embaixada do Equador em Londres, onde está refugiado desde 2012, por um procurador equatoriano na presença de uma magistrada sueca para responder à acusação de estupro que pesa contra ele na Suécia.

Foi a primeira vez que o australiano, de 45 anos, deu sua versão sobre os fatos à Justiça.

O procurador equatoriano Wilson Toainga fez este primeiro interrogatório junto da procuradora sueca, Ingrid Isgren, que chegou na embaixada pouco antes das 10h00 GMT (8h00 de Brasília), segundo um fotógrafo da AFP.

Suécia e Equador negociaram há meses as condições de seu interrogatório. O Equador impôs que um procurador equatoriano fizesse as perguntas, mesmo que sugeridas pelos investigadores suecos.

Esta audiência "deve durar vários dias", indicou à AFP Per Samuelsson, advogado sueco de Julian Assange, que espera participar de pelo menos parte.

Em um comunicado publicado nesta segunda-feira, o WikiLeaks denunciou a ausência de Per Samuelson "a princípio" do interrogatório e qualificou o fato de violação do procedimento".

Apesar disso, Assange "cooperou plenamente", acrescentou o comunicado, sem dar maiores detalhes.

Enquanto a justiça sueca acusa o fundador do WikiLeaks de fugir sistematicamente a suas convocações, Per Samuelsson garante que Assange "sempre quis dar a sua versão dos acontecimentos diretamente para os investigadores."

"Pedimos esta audiência desde 2010", explicou. "Ele quer uma chance de limpar a sua honra (...) e espera que a investigação preliminar seja abandonada" após o interrogatório.

Se Assange aceitar, uma amostra de DNA será extraída, informou a procuradora sueca.

A transcrição do interrogatório será entregue posteriormente aos magistrados suecos, que decidirão o futuro da investigação.

A procuradora sueca encarregada do caso, Marianne Ny, comemorou o fato "de a investigação preliminar poder avançar com a audiência do suspeito".

Na manhã de segunda-feira, um pequeno grupo de apoio ao ex-hacker se reuniu em frente à embaixada com cartazes e bandeiras com os dizeres "Libertem Assangue" ou "Obrigado WikiLeaks".

Petição pelo 'perdão' de Trump

Uma primeira audiência prevista para meados de outubro com o procurador Wilson Toainga havia sido adiada a pedido de Assange, que evocava a falta de garantias sobre a "sua proteção e defesa", segundo o Equador.

O australiano permanece desde junho de 2012 na embaixada equatoriana da capital britânica, quando pediu asilo a Quito para evitar ser extraditado à Suécia.

O Ministério Público sueco quer interrogá-lo por um suposto estupro cometido em 2010, que ele nega. Ele é alvo de um mandato de prisão europeu, emitido como parte desta investigação.

Assange não quer voltar à Suécia por medo de ser extraditado aos Estados Unidos, onde é criticado pela publicação por parte do WikiLeaks em 2010 de 500.000 documentos classificados sobre Iraque e Afeganistão, assim como 250.000 comunicações diplomáticas.

Ele não deixou o local desde então, recluso em um pequeno apartamento e tendo que se contentar com algumas aparições públicas em sua varanda.

O australiano perdeu outra batalha judicial em setembro, quando, pela oitava vez em seis anos, um tribunal sueco rejeitou o recurso e confirmou o mandado de detenção europeu contra ele.

Ele solicitou no final de outubro uma simples suspensão deste mandato para ir ao funeral de um amigo, o que foi recusado.

Durante a campanha presidencial americana, o WikiLeaks divulgou milhares de mensagens hackeadas de pessoas próximas a Hillary Clinton, levando John Podesta, chefe da equipe de campanha da candidata democrata a acusar Julian Assange de fazer o jogo do republicano e agora presidente eleito Donald Trump.

Uma petição, assinada por cerca de 18.000 pessoas, pede que Donald Trump conceda "perdão presidencial" a Julian Assange a o isente de perseguição nos Estados Unidos. Uma petição semelhante foi dirigida ao então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sem sucesso.

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