O irmão do assassino e sua namorada, detidos na quarta-feira, quando começou a operação de captura de Mohammed Merah, foram transferidos neste sábado para Paris (Pascal Guyot/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2012 às 15h41.
Paris - Em plena campanha presidencial na França, a polícia do país prossegue neste sábado a investigação para determinar se Mohammed Merah, o assassino de Toulouse, contou com ajuda de outras pessoas para matar três militares e atacar uma escola judaica, enquanto continuam as críticas à atuação das forças de segurança no caso.
O irmão do assassino e sua namorada, detidos na quarta-feira, quando começou a operação de captura de Mohammed Merah, foram transferidos neste sábado para Paris para serem interrogados pela brigada antiterrorista, responsável da investigação.
Sua mãe, que também tinha sido presa, foi libertada na noite desta sexta-feira.
Abdelkader Merah, de 29 anos, estava presente quando seu irmão menor, de 23, roubou a moto que foi usada por ele para cometer seus três crimes: o assassinato de um soldado no último dia 11, em Toulouse, e de outros dois militares quatro dias depois, na vizinha Montauban, e o ataque a uma escola judaica na segunda-feira passada, que terminou com a morte de três crianças e um rabino.
Abdelkader também acompanhou seu irmão na concessionária onde os dois tentaram desativar o dispositivo de localização da moto, o que permitiu que a polícia chegasse mais perto de encontrar Mohammed Merah.
Além disso, em seu carro foram encontrados materiais que provavelmente foram utilizados para a fabricação de explosivos.
Profundamente religioso, o irmão mais velho do assassino tinha realizado viagens religiosas ao Oriente Médio e possuía um grande número de livros sobre o islã. Além disso, segundo a rede de televisão 'BFM', Abdelkader impedia seu irmão de fumar e beber e obrigava sua mãe a usar o véu islâmico.
Mohamed Merah estava desempregado há quatro anos mas mesmo assim gastou cerca de 20 mil euros para comprar um arsenal de armas. O próprio assassino afirmou durante o cerco da polícia que conseguiu o dinheiro com assaltos realizados na região.
Com o dinheiro obtido também pagou suas viagens ao Afeganistão e ao Paquistão, onde recebeu treinamento dos talibãs. Além de ainda existirem fatos não solucionados na investigação, as forças de segurança envolvidas no caso receberam críticas, principalmente os agentes do grupo RAID, força de elite da polícia francesa, e o serviço secreto. O candidato socialista à presidência, François Hollande, foi um dos políticos que atacaram a atuação policial.
O RAID foi questionado por não ter conseguido capturar Merah com vida após uma operação que durou mais de 30 horas. Já os serviços de espionagem foram criticados pois sabiam das relações do assassino com grupos salafistas mas não conseguiram identificar que Merah estava planejando os ataques.
O caso ocorreu em plena campanha presidencial, que foi interrompida por alguns dias no início da semana mas que retornou com força total nos últimos dias.
O presidente em fim de mandato e candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, aproveitou hoje um comício de campanha nos arredores de Paris para defender a atuação policial e atacar duramente os que criticaram as forças de segurança.
'Não permitirei que ninguém questione a honra dos que coloraram um fim, arriscando suas vidas, à trajetória sangrenta de um terrorista monstruoso', afirmou Sarkozy, que reiterou sua intenção de punir pessoas que consultem regularmente páginas da internet que fazem apologia ao terrorismo e que realizem viagens de doutrinamento religioso em países como Afeganistão e Paquistão.
O tema da segurança conseguiu algo que parecia impossível nesta campanha: desviou a atenção da situação econômica da Europa.Os massacres de Toulouse beneficiaram eleitoralmente Sarkozy, que subiu pelo menos dois pontos nas últimas pesquisas.