François Hollande: o presidente da França afirmou que seu país "nunca irá aceitar" ameaças a seus fazendeiros e sua cultura. (REUTERS/Philippe Wojazer)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2016 às 16h39.
Paris - O governo da França ameaçou hoje rejeitar o Acordo Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês), um enorme pacto de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia, afirmando que suas regras são muito amigáveis às empresas norte-americanas.
Nesta terça-feira, o presidente François Hollande afirmou que seu país "nunca irá aceitar" ameaças a seus fazendeiros e sua cultura. "Neste estágio, a França diz não", disse em uma conferência com políticos de partidos da esquerda.
Mais cedo, o ministro do Comércio, Matthias Fekl, afirmou à radio Europe-1 que as negociações "estão completamente bloqueadas" e que uma pausa nas conversas "é a opção mais provável".
Ele insistiu em maiores proteções ambientais e para os agricultores locais, acrescentando que "em seu atual estado, a França não pode assinar o acordo"
"A Europa está cedendo bastante... mas recebendo muito pouco em troca", disse.
Trevor Kincaid, um porta-voz do representante do comércio norte-americano, defendeu o pacto como mutualmente benéfico e afirmando que as diferenças entre ambos os lados estão sendo trabalhadas.
"Estamos confiantes de que estamos no caminho para atingir um acordo de alto padrão para o TTIP, que reflete os interesses e valores democráticos tanto dos EUA como da UE", disse.
Autoridades europeias parecem estar elevando o tom de sua retórica após o Greenpeace vazar enormes quantidades de documentos confidenciais sobre a negociação, que sugerem que a UE está sendo pressionada pelos EUA a enfraquecer a proteção aos consumidores em setores chave.
O principal negociador do bloco, no entanto, disse que diversas conclusões do Greenpeace são "falsas". Já Kincaid afirmou que elas eram enganosas ou erradas.
A França e outros países europeus com uma tradição culinária e rural rica estão particularmente preocupadas com a intenção dos Estados Unidos de dar maior liberdade ao comércio de produtos geneticamente modificados, carne bovina tratada com hormônio e outros métodos banidos do continente.
A França também tenta proteger sua indústria cinematográfica frente ao desafio representado por Hollywood.
Jorgo Riss, diretor do Greenpeace para a Europa, elogiou a posição da França, afirmando que ela "não é surpreendente, dado que os negociadores claramente não estão cumprindo o mandato dado pelos países europeus para proteger os padrões ambientais e de saúde da região".
Fonte: Associated Press.