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Forças iraquianas entram em Mosul sob forte resistência do EI

As Unidades Antiterroristas entraram no bairro de Al Karama, leste da cidade, onde enfrentaram bombas e intensos disparos dos combatentes do EI

Mosul: a segunda maior cidade iraquiana, conquistada pelo EI em junho de 2014, virou desde então o reduto do grupo jihadista no Iraque (Alaa Al-Marjani/Reuters)

Mosul: a segunda maior cidade iraquiana, conquistada pelo EI em junho de 2014, virou desde então o reduto do grupo jihadista no Iraque (Alaa Al-Marjani/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 21h25.

As forças de elite iraquianas avançaram nesta sexta-feira pelas ruas de Mosul, onde enfrentaram uma forte resistência dos combatentes extremistas do Estado Islâmico (EI), que controlam há mais de dois anos esta cidade, que virou seu reduto no Iraque.

As Unidades Antiterroristas (CTS) entraram no bairro de Al Karama, leste da cidade, onde enfrentaram bombas e intensos disparos dos combatentes do EI, indicou à AFP um comandante das CTS, Muntathar Salem.

Mosul, segunda maior cidade iraquiana, conquistada pelo EI em junho de 2014, virou desde então o reduto do grupo jihadista no Iraque.

Foi nesta localidade, para espanto mundial, que o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou um "califado" que incluía os territórios que o grupo extremista conquistou na Síria e no Iraque, e que perdeu força de forma progressiva.

Barreiras e bombas em Mosul

Um correspondente da AFP, que acompanha o comandante das CTS em um cemitério na entrada leste da cidade, viu escavadeiras e outros veículos armados dirigindo-se para o bairro de Al Karama.

O tiroteio era praticamente ininterrupto e, segundo comunicados recebidos por rádio, os extremistas ergueram barreiras e espalharam bombas pelas ruas para frear o avanço militar iraquiano.

Os bombardeios aéreos, executados pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, ficaram mais intensos nos últimos dois dias para preparar a ofensiva.

Calcula-se que entre 3.000 e 5.000 combatentes do EI estejam no interior de Mosul, onde também estão cercados 1,2 milhão de civis.

Antes do amanhecer, as forças das CTS abandonaram Gogjali, última localidade antes da entrada leste de Mosul.

Colunas de fumaça eram observadas em Mosul, onde os extremistas queimam pneus para confundir os bombardeios aéreos da coalizão.

As forças iraquianas já estavam presentes nesta semana no acesso pela zona leste de Mosul e seu avanço era o maior entre as três principais frentes estabelecidas desde o início, em 17 de outubro, da ofensiva contra a cidade, lançada por dezenas de milhares de iraquianos e curdos.

Ao sul de Mosul, extremistas executaram um ataque na região de Sharqat, a 90 km da cidade, e mataram sete militares iraquianos.

Desde o início da ofensiva, combatentes do EI já conseguiram se infiltrar algumas vezes por trás das linhas de combate.

Voltar do mundo dos mortos

Ao avançar para Mosul, as forças iraquianas encontraram em seu caminho civis que fugiam dos combates, a maioria procedentes de vilarejos próximos desta grande cidade do norte do Iraque.

Os homens e mulheres, que seguem para acampamentos instalados na região curda, testemunharam a brutalidade do EI e as condições de vida sob a ameaça jihadista.

"Viemos do mundo dos mortos para o mundo dos vivos", declarou Raed Ali, de 40 anos, que fugiu de sua casa na localidade vizinha de Bazwaya.

Em uma gravação de áudio divulgada na quinta-feira, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, rompeu um ano de silêncio para estimular seus combatentes a lutar "com honra" até o fim para defender Mosul.

"Manter posições com honra é mil vezes mais fácil que uma retirada com vergonha", disse Baghdadi.

Para Aymenn al-Tamimi, do Middle East Forum, o tom do discurso revela que o grupo extremista está "na defensiva".

Ao mesmo tempo, com a aproximação do inverno cresce a inquietação sobre o futuro dos civis de Mosul. De acordo com organizações humanitárias, até um milhão de pessoas tentarão fugir de Mosul, mas existem poucos centros de abrigo.

A ONU também expressou grande preocupação com a captura de dezenas de milhares de civis pelo EI, que pretende usar estas pessoas como escudos humanos.

Na província de Kirkuk, no norte do Iraque, uma bomba matou 12 civis, incluindo mulheres e crianças que fugiam da zona de Hawijah, em poder do EI, segundo fontes oficiais.

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