Segundo aviso em duas semanas ameaça países da Zona do Euro (Miguel Medina/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2011 às 15h34.
Roma/Berlim - Uma solução abrangente para a crise da dívida dos países da Zona do Euro é algo fora do alcance da região, disse a agência de classificação de risco Fitch, alertando que seis dos seus países, incluindo Itália e Espanha, podem ter seu crédito rebaixado num futuro próximo.
O aviso, dado na noite sexta-feira, é o segundo em duas semanas a ameaçar os países do bloco com múltiplos rebaixamentos de classificação e aumentou a pressão para que os líderes tomem as rédeas da situação.
A Fitch também disse que pode diminuir a classificação AAA da França, daqui a dois anos e pressionou o Banco Central Europeu a assumir um papel mais ativo no combate à crise.
Uma autoridade do BCE disse no sábado que o tempo para surgirem soluções para uma crise que pode desencadear uma recessão global está acabando. Outro disse que o banco não ia ampliar o programa de compra de títulos que lançou para manter sob controle os custos da dívida dos países vulneráveis.
Ressaltando as tensões entre os países da ZE, uma semana depois que uma importante reunião de cúpula da UE ter sido incapaz de tranquilizar os mercados financeiros de que a crise estava sendo administrada, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, pressionou as autoridades da UE na sexta-feira, para evitar que ocorra uma divisão do continente.
Erkki Liikanen, classificador do BCE, disse que, para evitar uma enxurrada de rebaixamento de classificações e um congelamento do crédito, os líderes do continente precisam agir rápido para reforçar os fundos de resgate, previstos para fornecer uma rede de segurança, aos países membros endividados.
"O pior cenário é que o ciclo negativo continue e a incerteza cresça o que levará a uma recessão global", disse Liikanen, um membro do conselho diretor do Banco Central Europeu, à rede de TV estatal da Finlândia YLE, durante uma entrevista, no sábado.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que nenhum país está imune à crise e que cada um precisa agir para evitar o risco de uma depressão global.
Num ataque contra a Alemanha, o italiano Monti disse que a reação da Europa "deveria envolver uma abordagem sustentável, de longo prazo, não apenas para agradar a sede de rigor de curto prazo, em alguns países." Pressionando os governos para que eliminem seus déficits orçamentários inchados, a Alemanha tem liderado a resistência em permitir que o BCE amplie demasiadamente a sua compra de títulos o suficiente para apagar a crise.
Mas a Fitch aumentou a pressão para que justamente isso seja feito.
A agência disse que, após a reunião de cúpula da UE, havia concluído que "uma 'solução abrangente' para a crise da ZE está técnica e politicamente fora de alcance." "A ausência de uma proteção financeira confiável é especialmente preocupante," disse a agência. "Na opinião da Fitch, isso requer um compromisso mais explícito e atuante do Banco Central Europeu, para reduzir o risco de uma crise liquidez previsível." Uma segunda autoridade do BCE, Juergen Stark, disse que ampliar a compra de títulos não vai acabar com a crise, e que a rápida implementação do plano para uma união fiscal mais estreita, acordado na reunião de cúpula é crucial.
"Não exijam muito do Banco central Europeu", teria dito Stark, que deixará o posto do conselho executivo, no final do ano, de acordo com trechos divulgados de uma entrevista a uma revista alemã.