Charge no Financial Times mostra Lula e George Papandreou (.)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2010 às 17h00.
São Paulo - De acordo com um artigo publicado nesta quarta-feira (25/08) pelo jornal britânico Financial Times, se o primeiro ministro da Grécia, George Papandreou, quiser aprender uma lição sobre como transformar um cenário de aperto fiscal em ganho político, ele deve olhar para o Brasil.
Papandreou herdou do governo anterior uma enorme dívida pública e outros problemas fiscais que fazem da atual crise a pior na história do país. Entretanto, o artigo do FT explica que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tem muito a ensinar à autoridade grega.
Lula é, nas palavras do FT, "um presidente que assumiu o cargo em meio a temores de uma iminente falência do governo e está prestes a deixá-lo com um anteriormente inimaginável brilho de popularidade."
O jornal lembra que quando o presidente foi eleito, em 2002, o Brasil tinha acabado de receber um empréstimo de 30 bilhões de dólares, o maior na história do Fundo Monetário Internacional (FMI). A quantia representava uma tentativa de reverter uma espiral destrutiva de baixa confiança nos mercados, relacionada, dentre outros fatores, à dívida pública.
"Lula ignorou a sirene que anunciava um calote imediato do governo e estabeleceu um alvo apertado para o superávit fiscal primário, de 4,5% do PIB, ainda mais complicado de ser atingido do que aquele exigido pelo FMI. A confiança voltou e qualquer perspectiva realista de inadimplência evaporou depois de um ano", diz o artigo.
O artigo afirma que as chances do atual governo grego seguir os passos do Brasil são pequenas, "infelizmente". A principal razão para isso, segundo o jornal, é que o Brasil aproveitou um momento de crescimento econômico mundial, enquanto a Grécia tenta promover mudanças quando o cenário internacional é de consumidores relutantes e investidores temerosos.
A pouca competitividade do país, somada à baixa produtividade e altos preços de custo - tudo isso ligado ao euro - é uma equação que prejudica os gregos, na tentativa de comercializar com uma economia global em recuperação hesitante.
A conclusão do FT é que dificilmente a Grécia escapará de declarar moratória para se reestruturar. Mas que não deve fazer isso imediatamente, pois antes, Papandreu tem outros problemas econômicos para resolver, além de dar tempo para os investidores se prepararem e evitar que a situação grega contamine outras economias europeias - ou até mesmo a mundial.