Argentina: manifestantes tomaram as ruas da capital argentina em marcha contra o feminicídio (Marcos Brindicci/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de novembro de 2016 às 17h07.
Última atualização em 6 de novembro de 2016 às 17h09.
Um policial guarda-costas assassinou sua ex-esposa e sua namorada, um duplo feminicídio ocorrido menos de um mês após um grande protesto da ONG 'Ni Una Menos' contra a violência machista e de gênero, informou neste domingo um promotor.
O membro da Prefeitura (polícia militar) usou sua arma regulamentar para matar na tarde do sábado primeiro sua ex-mulher e depois sua companheira atual, informou o canal TN e o promotor Juan Ramírez Montrull.
Os dois crimes ocorreram na cidade de Paraná, capital da província de Entre Rios (centro-leste), cerca de 600 km ao norte de Buenos Aires.
"O assassino foi detido após ferir levemente um vizinho", disse Montrull, sem identificar o criminoso.
O detido teve três filhos com sua ex-esposa. Foi buscá-la em sua casa e disparou contra ela a sangue frio, segundo o relato judicial. Viajou depois entre 15 e 20 minutos até a casa de sua namorada, da qual havia se distanciado há um mês, para matá-la.
Milhares de mulheres e homens marcharam em 19 de outubro até a histórica Praça de Maio, em frente à Casa do Governo, horrorizados pelo brutal assassinato de uma adolescente que foi drogada, estuprada e torturada em Mar del Plata (sul). Simultaneamente, foram realizadas manifestações em cidades da América Latina e da Espanha.
Três dias após a marcha 'Ni Una Menos', um homem de 30 anos assassinou sua ex-mulher, a irmã dela e a avó de ambas e feriu com gravidade uma bebê de sete meses e um menino de 11 anos em Godoy Cruz, um bairro residencial da província de Mendoza, 1.100 km a oeste de Buenos Aires.
Ao longo de 2016, 175 mulheres foram mortas em casos de violência de gênero, segundo a ONG Casa del Encontro. Segundo o Registro Nacional de Feminicídios da Suprema Corte em 2015 uma mulher foi morta a cada 36 horas na Argentina.