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Falta de ensino entre soldados dificulta missão no Mali

Falta de educação dificulta a tarefa da missão europeia de ensinar aos soldados a topografia ou a manusear o goniômetro nas aulas de artilharia


	Soldado no Mali: maioria dos militares deixou o colégio ainda criança e mal sabe somar e diminuir
 (KENZO TRIBOUILLARD/AFP/Getty Images)

Soldado no Mali: maioria dos militares deixou o colégio ainda criança e mal sabe somar e diminuir (KENZO TRIBOUILLARD/AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 06h38.

Koulikoro - Os soldados malineses deixaram o colégio ainda crianças e mal sabem somar e diminuir, fato que dificulta muito a tarefa dos militares da missão europeia EUTM-Mali de ensiná-los topografia ou a manusear o goniômetro nas aulas de artilharia e morteiros aplicadas no campo de Koulikoro.

No entanto, os militares espanhóis da missão, que se desdobram para transmitir alguns conhecimentos ao exército malinês, preferem exaltar "a grande disposição e vontade de aprender" dos jovens soldados.

A Espanha fornece à Missão Europeia de Formação e Treinamento (EUTM) no Mali um total de 12 instrutores - com experiência em missões no Kosovo, Afeganistão ou Líbano - dentro da área de treinamento de operações especiais (à unidade de comando), enquanto outros dez integram a unidade conhecida como apoio de fogos (artilharia e morteiros), pertencente à Brigada Paraquedista.

O problema é que, para saber avançar com a artilharia, é preciso ter conhecimentos básicos de matemática, topografia ou interpolações e aí está a dificuldade, já que a maioria dos soldados malineses não concluiu o ensino básico.

Desta forma, os "alunos" do exército mal conseguem fazer operações simples de soma, subtração, multiplicação e divisão, como explicou aos jornalistas o tenente Álvaro Rivera, em uma viagem organizada pelo Ministério da Defesa da Espanha e pelo Estado-Maior da Defesa (Emad).

Para estas práticas de artilharia e morteiros, os malineses recebem conhecimentos mínimos de topografia e do uso do goniômetro, instrumento usado para medir ângulos e distâncias.

Neste aspecto, os soldados malineses, primeiramente, são encaminhados às salas de aula do campo de treinamento de Koulikoro, onde as mesas se enchem de esquadros, regras e mapas.

Nessas aulas, eles aprendem a usar a bússola e medir as distâncias de disparo, lições básicas para que os artilheiros possam acertar a pontaria.

De acordo com os militares espanhóis, a última novidade usada nas aulas se refere a cinco calculadoras adquiridas graças à missão EUTM.

"Antes, para um cálculo de 2+1, eles costumavam demorar cinco minutos", afirmaram os soldados da EUTM, responsáveis pelo treinamento de 45 alunos.

"Eles vão aprendendo. É preciso ter muita paciência, mas são inteligentes, têm boas capacidades e, o melhor, uma entrega absoluta", declarou o tenente Rivera, que, da mesma forma que todos seus companheiros em Koulikoro, destacou a boa disposição de seus "camaradas", como eles os chamam.

Uma vez no Campo Alfa, onde são realizados os exercícios práticos, os soldados malineses - topógrafos, observadores e a linha de peças - se dispersam por toda a extensão pondo em prática o que aprenderam antes nas salas de aula.

Sob um sol escaldante, eles usam as bússolas, os goniômetros e calculam a distância de tiro sobre as posições do inimigo.

Os morteiros usados pelos malineses procedem da antiga Iugoslávia e foram doados pela Croácia, tanto que os lança-foguetes são de fabricação soviética.

Apesar das dificuldades encontradas, os militares espanhóis são unanimes ao dizer que os soldados do Mali são "especialmente bons" e têm "ótimo caráter".

O capitão Yaya Diarra, o chefe dos soldados malineses que recebem as aulas de artilharia e morteiros na última semana, assegurou que os instrutores espanhóis também costumam ser exigentes e ensinar "muito bem".

No próximo mês e ao lado de suas tropas, Diarra seguirá ao norte do Mali, a zona mais perigosa do país, para lutar contra o jihadismo. Apesar de já ter combatido três vezes na região, o general malinês diz que "a situação no norte do país é muito dura, principalmente em Kidal, onde já travou duros combates", explicou.

Pai de duas filhas, Diarra afirma: "É preciso correr risco para defender a população civil. Essa é a nossa missão".

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