Militares no Egito: extremistas sabem que as imagens de TV do ônibus danificado prejudicará uma indústria do turismo já em dificuldades e vital para a economia (Amr Abdallah Dalsh/Files/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2014 às 14h47.
Cairo - O ataque a bomba contra um ônibus turístico no Egito por supostos militantes muçulmanos marca uma mudança estratégica para alvos não militares que pode afetar ainda mais uma economia já com problemas por conta dos distúrbios políticos.
Os responsáveis pelo ataque, que matou dois sul-coreanos e um egípcio no domingo, escolheram uma área pouco vigiada no sul do Sinai entre o Egito e Israel.
Embora o número de vítimas tenha sido relativamente baixo, os extremistas sabem que as imagens de TV do ônibus danificado prejudicará uma indústria do turismo já em dificuldades e vital para a economia.
Ninguém assumiu de imediato a reponsabilidade pelo atentado, o primeiro contra turistas desde que o Exército derrubou o presidente Mohamed Mursi em julho.
No entanto, suspeita-se do grupo militante islâmico mais ativo no Egito, o Ansar Bayt al-Maqdis, inspirado na Al Qaeda e que prometeu derrubar o governo interino instaurado pelo chefe das Forças Armadas, Abdel Fattah al-Sisi.
No mês passado, o grupo ameaçou atacar "os interesses econômicos do regime", citando especificamente um duto de gás. Dutos de gás foram atacados com bombas desde então.
Com base na península do Sinai, o Ansar Bayt al-Maqdis tem intensificado ataques, matando centenas de policiais e soldados desde julho e assumindo a responsabilidade por uma tentativa de assassinato do ministro do Interior no Cairo.
No mês passado, um vídeo no YouTube mostrou o que seria supostamente um ataque a míssil do Ansar Bayt al-Maqdis contra um helicóptero, matando cinco militares. No vídeo, uma voz faz um alerta aos líderes egípcios.
"Falamos para os nossos tiranos: não é hora de vocês aprenderem com o que aconteceu na Líbia, na Síria e em outros Estados muçulmanos?", disse um homem identificado como Mujahid Abi Osama al-Masri.
O grupo Ansar Bayt al-Maqdis não tem como competir com o Exército mais poderoso do mundo árabe e pode considerar que atacar turistas vai prejudicar o governo mais do que as ações contra soldados, dada a necessidade do Egito por recursos do turismo para conter o déficit orçamentário.
A revolta que derrubou Hosni Mubarak em 2011 assustou muitos turistas. O número de visitantes caiu depois que Sisi derrubou Mursi. O turismo era responsável por mais do que 10 por cento do produto interno bruto antes da queda de Mubarak.