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Extrema direita quadruplica bancada em Portugal, apontam projeções

Partido Chega pode chegar a até 46 cadeiras, 34 a mais do que as atuais 12, mas sua participação em um futuro Gabinete é incerta; Socialistas perdem quase metade da bancada

Eleições: portugueses escolheram 230 deputados neste domingo (Alexander Spatari/Getty Images)

Eleições: portugueses escolheram 230 deputados neste domingo (Alexander Spatari/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 10 de março de 2024 às 19h31.

Projeções divulgadas pela imprensa de Portugal apontam que o partido radical Chega poderá quadruplicar sua bancada na Assembleia Nacional, no maior avanço da extrema direita no país na história recente. A expectativa é de que o novo governo seja comandado pela centro-direita, com a Aliança Democrática, liderada pelo Partido Social-Democrata, que deve conquistar até 91 cadeiras.

"Sinto-me realizado, segundo tudo indica haverá uma maioria forte à direita para governar", disse o líder do Chega, André Ventura, em declarações à imprensa, sinalizando que está aberto a um convite para integrar o Gabinete liderado pelos social-democratas.

Até agora, não há qualquer indício de que o Chega, pautado em um forte discurso anti-imigração e com falas xenofóbicas recorrentes, possa integrar o governo. Na reta final de campanha, Luís Montenegro, presidente do Partido Social-Democrata, disse que "não fala" com Ventura, e chegou a pedir aos eleitores do Chega que votassem em sua sigla — desde o ano passado, Montenegro vem usando a expressão "não é não" para negar qualquer acordo com a extrema-direita.

"Quero dizer a essas pessoas que compreendo-as e sei que elas não são extremistas, não são racistas, não são xenófobas", disse Montenegro, na terça-feira passada. Ele continua: "Eu compreendo que muita dessa força vem da frustração, da indignação, às vezes mesmo da revolta que muitas portuguesas e muitos portugueses sentem porque os poderes públicos, em particular o Governo, não está a dar a resposta que essas pessoas exigem."

Receio sobre instabilidade política

Segundo analistas, é grande a possibilidade de Montenegro liderar um governo de minoria, algo possível em Portugal, mas que traz consigo o fantasma da instabilidade: desde 1976, apenas três Gabinetes desse tipo conseguiram chegar ao fim de seus mandatos: a "geringonça" de António Costa, o primeiro governo de António Guterres, no final dos anos 1990, e um de Carlos César nos Açores, nesta mesma época.

Dentro do Partido Socialista (PS), a possibilidade de uma derrota era levada a sério, e ela foi confirmada pelas projeções e pelos resultados preliminares. Das 120 cadeiras atuais, a expectativa é de que a sigla fique com algo entre 69 e 77, sendo relegada à oposição pela primeira vez desde 2015.

"Foram dois anos muito difíceis. Houve um desgaste natural. O PS fez uma boa campanha, Pedro Nuno (secretário-geral da sigla) fez uma boa campanha. O resultado nas circunstâncias em que as eleições aconteceram é honroso para o PS", disse ao Jornal de Notícias Manuel Alegre, um histórico integrante do Partido Socialista.

Depois da confirmação dos resultados, está marcada para a quarta-feira uma conferência de líderes dos partidos, e uma semana depois o presidente Marcelo Rebelo de Sousa ouve essas lideranças sobre os nomes cotados para liderar um governo, e sinaliza quem deve ser o indicado para o posto de primeiro-ministro. A confirmação no cargo será feita na primeira sessão da nova legislatura, que deve ocorrer no início de abril — depois da posse, o novo Gabinete deve apresentar um programa de governo, que será submetido ao plenário, e pode inclusive ser rejeitado pelos parlamentares.

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