Turquia: as Forças Armadas já dispensaram sem honrarias quase 1.700 membros por alegadamente participarem da tentativa de golpe de 15 e 16 de julho (Tumay Berkin/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2016 às 13h10.
Istambul - Os principais líderes militares e políticos da Turquia se preparavam para lançar uma grande reformulação das Forças Armadas nesta quinta-feira, após um fracassado golpe militar ter abalado o país de quase 80 milhões de habitantes e alarmado seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Horas antes de o Conselho Supremo Militar iniciar sua reunião em Ancara, as Forças Armadas dispensaram sem honrarias quase 1.700 membros por alegadamente participarem da tentativa de golpe de 15 e 16 de julho, na qual uma facção militar tentou derrubar o presidente Tayyip Erdogan.
Erdogan, que escapou por pouco de ser capturado e possivelmente morto na noite do golpe, disse à Reuters em uma entrevista na semana passada que as forças militares, a segunda maior da Otan, precisavam de “sangue novo”.
As dispensas incluem cerca de 40 por cento dos almirantes e generais da Turquia. A Turquia acusa o clérigo islâmico Fethullah Gulen, que atualmente vive nos Estados Unidos, de arquitetar o golpe e suspendeu ou colocou sob investigação dezenas de milhares de seus suspostos seguidores, incluindo soldados, juízes e acadêmicos.
Em ações tomadas após a tentativa de derrubar o governo, veículos de mídia, escolas e universidades também foram fechadas.
Com o aumento da repressão após o golpe, o ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, disse nesta quinta-feira que mais de 300 servidores de seu ministério possuíam ligação com Gulen, e disse ter dispensado 88 funcionários.
Em outro caso, a maior empresa petroquímica turca, a Petkim, informou que seu presidente-executivo havia renunciado, e a agência de notícias estatal Anadolu informou que ele havia sido preso em conexão à tentativa de golpe.
Citando relatórios de serviços de inteligência, o ministro da Justiça da Turquia disse nesta terça-feira que Gulen, que já foi um poderoso aliado de Erdogan, poderia fugir de sua residência no Estado norte-americano da Pensilvânia. Gulen nega qualquer envolvimento no golpe.