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Exército impõe lei do silêncio ao redor da casa de Bin Laden

Entrada e saída dos moradores do bairro são controladas e jornalistas estão proibidos de se aproximar do esconderijo onde o terrorista foi morto

Policiais paquistaneses impedem entrada de jornalistas na casa de Bin Laden (Asif Hassan/AFP)

Policiais paquistaneses impedem entrada de jornalistas na casa de Bin Laden (Asif Hassan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2011 às 13h59.

Abbottabad, Paquistão - Oito dias após o ataque americano que culminou com a morte de Osama bin Laden na cidade de Abbottabad, o Exército do Paquistão impôs a lei do silêncio ao redor do esconderijo onde o terrorista foi localizado, proibindo conversas entre a vizinhança e que os veículos de imprensa se aproximem da casa.

Na segunda-feira, a polícia impediu Aurangzeb de passar por sua rua no bairro de Bilal Town, quando levava um amigo à casa de Haji Zain Baba, um velho curandeiro do bairro que é conhecido por tratar reumatismos com apenas poucas e hábeis manipulações.

"Por mais que eu dissesse que meu amigo estava doente, não quiseram saber de nada e me reponderam que ninguém estava autorizado a passar por ali", lamentou o homem.

A pequena casa feita de tijolos e latas de Haji Zain Baba, de 80 anos, é germinada ao muro da agora célebre mansão branca onde em 2 de maio um comando americano localizou e matou Bin Laden.

O Exército paquistanês prendeu o filho de Haji Zain, Shamrez, que chegou a trabalhar algumas vezes como jardineiro na "casa de Bin Laden". Ele foi solto na sexta-feira, mas saiu da prisão convencido a não dar declarações à imprensa.

"Ele deixou a cidade, está muito longe agora", afirmou seu filho, Qasim Mohamed.

Após o anúncio da morte de Bin Laden, mais de 10.000 soldados foram e enviados a Bilal Town, que foi invadida por jornalistas do mundo inteiro.

Três dias depois, podia-se contar 500 jornalistas e curiosos diante da porta do agora lendário esconderijo.

Mas o Exército local logo se cansou de toda a exposição na mídia, das perguntas dos repórteres e das matérias em que foi classificado, na melhor descrição, como detentor de um inoperante serviço secreto, e na pior como cúmplice da Al-Qaeda.

Desde quinta-feira, entre 400 e 500 militares e policiais foram enviados para isolar o bairro.

"Só posso sair de casa uma vez por dia para comprar o que comer", reclamou um vizinho. "E me proibiram terminantemente de falar com os jornalistas", completou.


Estes profissionais que, por sua vez, esperam uma possível abertura da casa de Bin Laden, parecem fazer um jogo de esconde-esconde com os soldados, que apitam e correm cada vez que um jornalista chega a menos de 500 metros da casa.

Muitas vezes os militares ainda obrigam os jornalistas a apagar as fotos ou vídeos feitos, expulsando os repórteres com o grito de "vá embora".

O policial Mohamed Zareen, que participa do cerco à área, reconhece estar cansado.

"O Exército deveria abrir a casa. Os jornalistas veriam tudo e logo iriam embora. Não vejo a hora disso tudo acabar".

Objetivo: Bin Laden
©AFPiactiv
Também fartos da situação, cada vez mais moradores do bairro pedem à imprensa que vá embora, com medo de possíveis represálias.

"Não me ligue mais no celular, não posso falar no telefone", disse um deles à AFP, antes de desligar o aparelho rapidamente.

De acordo com fontes da polícia, o Exército deteve pelo menos 25 pessoas na cidade como parte das investigações sobre a presença de Bin Laden no país. Muitos já foram liberados.

O Exército, segundo algumas fontes, pretende demolir a casa, mas até agora a instituição não se pronunciou a respeito.

Todas as medidas, assim como o silêncio constrangedor dos moradores, aumentam as especulações: "O Exército estaria escondendo alguma coisa? Bin Laden teria apoio na região ou estaria sob proteção de uma rede local ainda desconhecida?".

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