Joe Biden e Donald Trump: candidato democrata à frente das pesquisas. (Montagem EXAME. (Foto Biden: Stefani Reynolds. Foto Trump: Bloomberg)/Exame)
Ligia Tuon
Publicado em 4 de setembro de 2020 às 07h00.
Faltando dois meses para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, o candidato democrata Joe Biden mantém a vantagem com 52% das intenções de voto contra 44% do republicano Donald Trump, enquanto 4% se dizem indecisos.
É o que mostra uma pesquisa exclusiva Exame/IDEIA, projeto que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A cada quinze dias, Exame/IDEIA trará pesquisas de opinião com foco no cenário político brasileiro. O projeto também fará levantamentos regulares para acompanhar a reta final das eleições americanas.
Nesta primeira rodada da pesquisa de intenção de votos nos Estados Unidos, foram ouvidas 2002 pessoas de todos os estados americanos entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Questionados sobre a qualidade da administração Trump, 55% dos entrevistados disseram que desaprovam e 43%, que aprovam. Neutros ou que não responderam totalizam 2%.
"Trump tem um nível de aprovação muito baixo em comparação ao de outros presidentes dos EUA em campanha para reeleição", diz Maurício Moura, fundador do IDEIA e professor da George Washington University na área de políticas públicas. George W. Bush e Barack Obama, que antecederam o presidente atual, tinham mais de 50% de aprovação no fim do segundo mandato, segundo ele.
O cenário é de grande vantagem de Biden em relação ao presidente Trump nas intenções de voto popular. Mas esse, sozinho, não decide as eleições americanas, cujo resultado depende mais da decisão do Colégio Eleitoral, composto por representantes dos estados americanos. O total de eleitores por estado depende do número de representantes que ele tem no Congresso.
Por região, Biden lidera na Costa Leste (52% a 44%) e na Oeste (55% a 39%) dos Estados Unidos, onde estão estados importantes para decidir as eleições, como Califórnia, Washington, Pensilvânia e Massachusetts. Trump está à frente nos estados do Sul (51% a 45%), como Carolina do Norte e Texas.
No Meio Oeste, onde há estados indispensáveis para a eleição, como Michigan, Wisconsin, Indiana e Ohio, os dois candidatos estão praticamente empatados, Trump com 44% e Biden com 43%. "É uma eleição muito aberta e altamente imprevisível", diz Moura.
Por etnia, Biden é o candidato favorito entre latinos (por 67% a 31%) e negros (por 57% a 29%), enquanto Trump lidera entre brancos (por 51% a 43%) ). O candidato republicano também tem maior apoio entre os cidadãos de baixa escolaridade (51% a 44%).
Já Biden lidera entre os jovens entre 18 e 39 anos (55% a 39%) - e Trump, entre os eleitores mais velhos (nos de 50 a 46 anos, quase na margem de erro, por 49% a 47%).
“As decisões políticas mudam a trajetória da economia e do custo de capital”, diz Renato Mimica, executivo-chefe de Investimentos (CIO) da Exame Research. “Entender o cenário político é fundamental para compreender o funcionamento desses dois vetores”
Outra particularidade que torna imprevisível o resultado da eleição neste ano é a grande quantidade de pessoas que devem optar por votar pelo correio, devido à pandemia do coronavírus: 80 milhões, o dobro do registrado normalmente em eleições passadas.
É um sistema simples. O eleitor recebe a cédula eleitoral em casa com antecedência, preenche e coloca no correio ou entrega em postos de coleta.
"O voto pelo correio é uma incógnita, porque é a primeira vez que há uma pandemia e uma demanda desse tamanho. Esses votos podem gerar judicialização, dúvidas sobre se chegaram ou não", diz Moura.
Biden lidera entre os eleitores que pretendem votar pelo correio e antecipadamente. Já Trump é o preferido entre as pessoas que planejam votar presencialmente no dia 3 de novembro.
As próximas pesquisas a serem divulgadas pela Exame/IDEIA vão dizer como anda a corrida eleitoral em estados-chave para a decisão, como Flórida, Ohio, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
As entrevistas da pesquisa foram feitas por telefone, por meio da ferramenta URA (Unidade de Resposta Audível), amplamente usado nos Estados Unidos para este fim. Trata-se de um sistema de mensagem de voz que interage com o entrevistado por meio das teclas do telefone.
Os dados da pesquisa e outros temas estão no novo episódio do podcast EXAME POLÍTICA – temporada Eleições Americanas, que traz a análise dos principais fatos que envolvem a disputa pela Casa Branca.