Ex-primeiro-ministro de Portugal é detido por corrupção
Além de José Sócrates foram presos na quinta-feira passada o empresário Carlos Santos Silva; o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2014 às 14h18.
Lisboa - O socialista José Sócrates fez história em Portugal após se transformar no primeiro ex-chefe de governo do país detido e convocado a depor como suspeito de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção, o que provocou um terremoto político.
Após passar a noite em dependências policiais, Sócrates foi transferido à Cidade da Justiça de Lisboa, onde deverá depor nesta tarde no Tribunal Central de Instrução Criminal.
O interrogatório do político vai acontecer assim que terminem os dos outros três detidos na mesma causa.
Além de Sócrates foram presos na quinta-feira passada o empresário Carlos Santos Silva; o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna, informou hoje a Procuradoria Geral da República, em uma nota na qual esclareceu que esta investigação se centra em 'operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro sem justificativa conhecida e legalmente admissível'.
Embora o processo corra em sigilo na Justiça, analistas e meios de comunicação apontam que as investigações se centram, entre outras questões, na origem de uma fortuna de pelo menos 20 milhões de euros do ex-chefe do Executivo, e de outros 3 milhões de euros que Sócrates supostamente pagou por um apartamento de luxo em Paris.
Seu imóvel em Lisboa, que inicialmente pertenceu a sua mãe e agora está no nome do empresário Carlos Santos, outro dos detidos, foi alvo hoje de uma operação de busca e apreensão na qual esteve presente o próprio Sócrates, que liderou o governo entre 2005 e 2011.
Santos Silva, que teve outro apartamento no mesmo edifício, é amigo pessoal do ex-primeiro-ministro e foi administrador do grupo empresarial Lena, cujas instalações também foram investigadas.
O caso está nas mãos de Carlos Alexandre, considerado um juiz 'estrela' em Portugal, onde em poucos meses deteve um dos homens mais poderosos do país e rosto visível do Grupo Espirito Santo, Ricardo Salgado, além de funcionários do Estado envolvidos em um esquema de corrupção sobre a concessão de vistos a investidores estrangeiros.
Esse último caso provocou a renúncia na semana passada do ministro do Interior, Miguel Macedo.
No âmbito político as reações se caracterizaram pela prudência, embora, dentro de seu próprio partido, o candidato socialista a primeiro-ministro e atual prefeito de Lisboa, António Costa, tenha pedido aos militantes que não confundam os sentimentos de amizade ou a solidariedade com a ação política da legenda, 'que é essencial preservar'.
Nos sindicatos, o secretário-geral da maior central sindical de Portugal, a CGTP, Armênio Carlos, se limitou a dizer que 'é a Justiça que têm que funcionar', mas esclareceu que 'é preciso combater o problema que temos em Portugal'.
Prudência também pediu o Partido Social Democrata (PSD), que governa em coalizão com os democratas-cristãos, e cujo vice-presidente Marco António Costa insistiu que se trata de um 'assunto judicial' e não político, e é preciso aguardar 'serenamente' a que a Justiça faça seu trabalho.
José Sócrates deixou o governo após as eleições de junho de 2011, realizadas no meio de uma forte crise que lhe obrigou a assinar o peido de ajuda para o resgate internacional ao país.
Carismático, otimista, tenaz, com dotes de oratória e muito ativo, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, de 57 anos, se mudou para Paris, para fazer um mestrado em Teoria Política, após perder as eleições antecipadas de 2011 para os conservadores do PSD.
Depois de mais 25 anos na política, Sócrates já tinha sido associado a outros casos de corrupção, como o vinculado ao centro comercial Freeport ou a operação Montebranco, relacionada com o extinto Banco Espírito Santo (BES).
Formado em Engenharia Civil, ingressou nas juventudes do Partido Socialista pouco depois da Revolução de 25 de abril, quando tinha apenas 16 anos.
Sócrates sempre teve fama de socialista pouco ortodoxo e a ressonante vitória que garantiu para seu partido em 2005 iniciou uma espécie de 'terceira via' em Portugal.
Lisboa - O socialista José Sócrates fez história em Portugal após se transformar no primeiro ex-chefe de governo do país detido e convocado a depor como suspeito de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção, o que provocou um terremoto político.
Após passar a noite em dependências policiais, Sócrates foi transferido à Cidade da Justiça de Lisboa, onde deverá depor nesta tarde no Tribunal Central de Instrução Criminal.
O interrogatório do político vai acontecer assim que terminem os dos outros três detidos na mesma causa.
Além de Sócrates foram presos na quinta-feira passada o empresário Carlos Santos Silva; o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o motorista João Perna, informou hoje a Procuradoria Geral da República, em uma nota na qual esclareceu que esta investigação se centra em 'operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro sem justificativa conhecida e legalmente admissível'.
Embora o processo corra em sigilo na Justiça, analistas e meios de comunicação apontam que as investigações se centram, entre outras questões, na origem de uma fortuna de pelo menos 20 milhões de euros do ex-chefe do Executivo, e de outros 3 milhões de euros que Sócrates supostamente pagou por um apartamento de luxo em Paris.
Seu imóvel em Lisboa, que inicialmente pertenceu a sua mãe e agora está no nome do empresário Carlos Santos, outro dos detidos, foi alvo hoje de uma operação de busca e apreensão na qual esteve presente o próprio Sócrates, que liderou o governo entre 2005 e 2011.
Santos Silva, que teve outro apartamento no mesmo edifício, é amigo pessoal do ex-primeiro-ministro e foi administrador do grupo empresarial Lena, cujas instalações também foram investigadas.
O caso está nas mãos de Carlos Alexandre, considerado um juiz 'estrela' em Portugal, onde em poucos meses deteve um dos homens mais poderosos do país e rosto visível do Grupo Espirito Santo, Ricardo Salgado, além de funcionários do Estado envolvidos em um esquema de corrupção sobre a concessão de vistos a investidores estrangeiros.
Esse último caso provocou a renúncia na semana passada do ministro do Interior, Miguel Macedo.
No âmbito político as reações se caracterizaram pela prudência, embora, dentro de seu próprio partido, o candidato socialista a primeiro-ministro e atual prefeito de Lisboa, António Costa, tenha pedido aos militantes que não confundam os sentimentos de amizade ou a solidariedade com a ação política da legenda, 'que é essencial preservar'.
Nos sindicatos, o secretário-geral da maior central sindical de Portugal, a CGTP, Armênio Carlos, se limitou a dizer que 'é a Justiça que têm que funcionar', mas esclareceu que 'é preciso combater o problema que temos em Portugal'.
Prudência também pediu o Partido Social Democrata (PSD), que governa em coalizão com os democratas-cristãos, e cujo vice-presidente Marco António Costa insistiu que se trata de um 'assunto judicial' e não político, e é preciso aguardar 'serenamente' a que a Justiça faça seu trabalho.
José Sócrates deixou o governo após as eleições de junho de 2011, realizadas no meio de uma forte crise que lhe obrigou a assinar o peido de ajuda para o resgate internacional ao país.
Carismático, otimista, tenaz, com dotes de oratória e muito ativo, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, de 57 anos, se mudou para Paris, para fazer um mestrado em Teoria Política, após perder as eleições antecipadas de 2011 para os conservadores do PSD.
Depois de mais 25 anos na política, Sócrates já tinha sido associado a outros casos de corrupção, como o vinculado ao centro comercial Freeport ou a operação Montebranco, relacionada com o extinto Banco Espírito Santo (BES).
Formado em Engenharia Civil, ingressou nas juventudes do Partido Socialista pouco depois da Revolução de 25 de abril, quando tinha apenas 16 anos.
Sócrates sempre teve fama de socialista pouco ortodoxo e a ressonante vitória que garantiu para seu partido em 2005 iniciou uma espécie de 'terceira via' em Portugal.