Ex-policial assume assassinatos de esquadrão da morte filipino
Arturo Lascanas admitiu ter mentido em outubro, durante um inquérito do Senado sobre supostas execuções ligadas ao presidente Rodrigo Duterte
Reuters
Publicado em 6 de março de 2017 às 12h02.
Manila - Um policial aposentado depôs em uma audiência do Senado das Filipinas nesta segunda-feira assumindo ter matado quase 200 pessoas como integrante de um "esquadrão da morte" quando o presidente filipino, Rodrigo Duterte, era prefeito da cidade de Davao, e disse ter feito a confissão por causa de seu "medo de Deus".
Arturo Lascanas admitiu ter mentido em outubro, durante um inquérito do Senado a respeito de supostas execuções extrajudiciais ligadas a Duterte, mas disse só tê-lo feito por temer pela segurança de sua família e porque a polícia o havia alertado a "negar tudo".
Ele contou que matou pessoalmente 300 pessoas, cerca de 200 delas como membro do "esquadrão da morte de Davao", e que a última foi em 2015. Ele ainda detalhou dois casos em que matou críticos de Duterte seguindo instruções do guarda-costas do então prefeito.
Lascanas, que rompeu em lágrimas diante da mídia ao revelar sua história duas semanas atrás, é a segunda pessoa a testemunhar diante de parlamentares sobre os supostos laços de Duterte com um grupo de extermínio clandestino.
Os aliados de Duterte minimizam as alegações, que veem como um complô de seus opositores para desacreditar o líder popular e sua guerra às drogas, uma campanha que críticos afirmam ter uma semelhança perturbadora com um padrão de assassinatos misteriosos em Davao.
"Temi pela vida de meus entes queridos", disse Lascanas quando indagado por que havia negado anteriormente a existência do esquadrão da morte.
Ele disse ter mudado seu testemunho "por causa de meu desejo de dizer toda a verdade, não só por causa de minha renovação espiritual, mas pelo medo de Deus, queria limpar minha consciência".