Menina segura cartaz escrito "Bem-Vindo, papa Francisco", enquanto espera o pontífice: “Peço a vocês que por favor continuem orando por mim, porque eu também tenho meus erros e eu também preciso me penitenciar”, afirmou Francisco (REUTERS/Kevin Granja)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2015 às 15h50.
Santa Cruz - Ao afirmar que também cometeu erros e pecou, o papa Francisco incentivou detentos de uma das prisões mais brutais da América Latina a evitar a violência das gangues, nesta sexta-feira, e exortou os carcereiros a tratá-los com dignidade.
“O homem diante de vocês é um homem que vivenciou o perdão. Um homem que foi, e está, salvo de seus muitos pecados”, disse o papa a centenas de presos e seus filhos durante visita a um local que um prisioneiro de longa data comparou a “Sodoma e Gomorra”.
“Isto é o que eu sou. Não tenho muito mais a dar ou oferecer a vocês, mas quero compartilhar com vocês aquilo que realmente tenho e amo. É Jesus Cristo, a misericórdia do Pai”, disse ele enquanto duas crianças se chegavam para sentar junto a ele no palco.
“Peço a vocês que por favor continuem orando por mim, porque eu também tenho meus erros e eu também preciso me penitenciar”, afirmou.
Os guardas só cuidam do perímetro da ampla prisão de segurança máxima de Palmasola, enquanto assassinos e traficantes de drogas administram suas unidades, que parecem mais favelas do que alas prisionais, cobrando dos presidiários tudo que precisam para viver.
O pontífice disse que, embora os carcereiros e funcionários desempenhem um papel importante na reintegração, devem respeitar os prisioneiros. “É sua responsabilidade erguer, e não abater, restaurar a dignidade, e não humilhar; encorajar, e não infligir sofrimentos”, disse.
No encontro emotivo ocorrido em um campo esportivo surrado, o veterano presidiário Leonidas Martin Rodríguez Delgado disse ao papa que quando chegou, em 1997, o local parecia as cidades bíblicas pecaminosas de Sodoma e Gomorra, “porque não existia a aplicação da lei”.
O papa Francisco exortou os prisioneiros a evitar a rivalidade e buscar uma “fraternidade genuina”. “Não tenham medo de ajudar uns aos outros. O diabo quer ver rivalidades, divisão, gangues. Continuem trabalhando para progredir”.
Palmasola é conhecida pela violência entre suas facções. Em um de seus piores incidentes, em 2013, pelo menos 30 detentos foram mortos na seção PC3, que abriga os presos mais perigosos.