Além dos protestos em Bruxelas, também aconteceram manifestações na Espanha, Portugal, Irlanda, Polônia, Holanda, Grécia e Letônia (AFP/Georges Gobet)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Bruxelas - Os protestos se intensificaram na Europa frente às medidas de austeridade adotadas depois da crise da dívida, com destaque para os dezenas de milhares de manifestantes tomando as ruas de Bruxelas e para uma greve geral na Espanha nesta quarta-feira.
Na capital da União Europeia, 56.000 pessoas, segundo a polícia, mais de 100.000, segundo os sindicatos, protestaram ao som de vuvuzelas e de fogos de artifício para dizer "não à austeridade".
A última grande manifestação desse tipo em Bruxelas foi realizada em 2001, quando 80.000 pessoas pediram "uma Europa mais social".
Nenhum incidente tinha sido registrado até o final da tarde, mas a polícia de Bruxelas efetuou 218 detenções preventivas, principalmente de pessoas por posse de objetos perigosos.
Os manifestantes eram provenientes principalmente da Bélgica e da França, mas também da Polônia, da Eslováquia ou da Alemanha.
"Não se pode acrescentar à crise financeira uma crise social sem precedentes em que os assalariados pagarão o preço", denunciou o secretário-geral do sindicato francês CGT, Bernard Thibault.
Depois da crise da dívida, a maior parte dos governos aplica medidas de contenção de gastos e reformas difíceis, como as das aposentadorias, para reduzir seus déficits.
Essas medidas "terão um efeito desastroso sobre as pessoas e sobre a economia", disse John Monks, secretário-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES), que organiza a manifestação. "Os trabalhadores estão nas ruas hoje com uma mensagem clara para os líderes da Europa: ainda é tempo de não optar pela austeridade."
A Comissão Europeia apresentou justamente nesta quarta-feira medidas para punir os países europeus que deixam suas finanças muito relaxadas.
"As propostas que estamos prestes a apresentar são as melhores para a defesa dos próprios trabalhadores. As políticas sociais não podem pagar os juros da dívida", ressaltou seu presidente, José Manuel Barroso.
A quarta-feira também foi um dia de mobilização em vários países europeus, a começar pela Espanha, em greve geral para protestar contra uma reforma do mercado do trabalho que facilita as demissões.
Um dos dois principais sindicatos do país, o UGT, assegurou que a greve tinha uma adesão "de mais de 70%" e era seguida por mais de 10 milhões de trabalhadores no país. Mas o governo comemorou a "absoluta normalidade" da atividade econômica.
Em Barcelona, foram registrados confrontos entre policiais e militantes de extrema esquerda, que terminaram com um saldo de uma viatura da polícia queimada e 23 detenções.
Dezenas de milhares de pessoas também participaram de manifestações nesta quarta-feira em Varsóvia, capital polonesa, 4.000 em Bor, na Sérvia, 1.000 em Riga, capital da Letônia, e algumas centenas em Haia (Holanda), Atenas e no Chipre.
Em Portugal, milhares de pessoas, segundo a imprensa local, percorreram as ruas de Lisboa e da Cidade do Porto contra a política de austeridade do governo socialista.
Na Irlanda, um homem de 41 anos foi preso depois que um caminhão-betoneira exibindo a frase "Toxic Bank Anglo" bateu no portão de entrada do prédio do Parlamento, em referência ao banco Anglo Irish Bank, resgatado com recursos públicos.
Os sindicatos não querem parar por aí. Na França, onde o governo apresentou nesta quarta-feira um projeto de orçamento que prevê uma redução sem precedentes dos gastos sociais com o objetivo de reduzir o déficit, eles já convocaram uma manifestação para sábado contra uma impopular reforma das aposentadorias.
Leia mais sobre protestos
Siga as últimas notícias de Mundo no Twitter