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Europa protesta em defesa dos refugiados

Dezenas de milhares de europeus saíram às ruas para mostrar solidariedade a refugiados, enquanto o premiê húngaro diz que fluxo de imigrantes é perigoso


	Refugiados sírios: dezenas de milhares de europeus saíram às ruas neste sábado para mostrar solidariedade aos imigrantes
 (REUTERS/Yannis Behrakis)

Refugiados sírios: dezenas de milhares de europeus saíram às ruas neste sábado para mostrar solidariedade aos imigrantes (REUTERS/Yannis Behrakis)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2015 às 17h05.

Dezenas de milhares de europeus saíram às ruas neste sábado para mostrar solidariedade aos refugiados que estão chegando ao continente, enquanto o premiê húngaro alertou os líderes "do mundo dos sonhos" sobre o perigo que representa o fluxo de imigrantes.

Em Londres, em um dos muitos eventos que acontecem na Europa, dezenas de milhares se manifestaram, levando cartazes que diziam "Abram as fronteiras", constatou um jornalista da AFP, enquanto em Copenhague, cerca de 30.000 pessoas saíram às ruas.

"Eu quero apoiar os refugiados", afirmou Deborah Flatley em Londres, levando um cartaz que dizia: "Nós admiramos sua coragem. Você merece uma vida feliz e segura. Nós te recebemos de braços abertos".

Um menino vestido de urso Paddington - o imigrante que adora marmelada que chegou na Estação Paddington em Londres do "mais profundo e escuro Peru" no famoso livro de Michael Bond - levava um cartaz: "O Urso Paddington era um refugiado".

Os manifestantes pediram ao governo de David Cameron uma política de acolhida mais generosa para os refugiados que escapam de conflitos na Síria, Iraque e Afeganistão. O líder conservador anunciou que o país acolherá 20.000 sírios nos próximos cinco anos.

De maneira precisa, o primeiro gesto do novo líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, eleito pela manhã, foi unir-se à manifestação, depois de pedir ao governo para ter mais "compaixão".

Em Berlim, manifestantes levavam a bandeira síria com a inscrição "Bem-vindos, refugiados", enquanto os protestos em Estocolmo, Helsinque e Lisboa atraíram 1.000 pessoas cada um, incluindo um piquenique na capital finlandesa.

Na França, o presidente François Hollande visitou um centro de abrigo de refugiados sírios perto de Paris, para ver de perto as condições nas quais se encontram. Seu governo se comprometeu a receber 24.000 imigrantes.

Nas ruas a mobilização foi escassa e a maior manifestação ocorreu em Nice, onde houve apenas cerca de 700 pessoas.

Em Paris, onde a tarde foi muito chuvosa, apenas cerca de cem pessoas se manifestaram na praça do Trocadero, em frente à Torre Eiffel, para homenagear as cerca de 3.000 pessoas mortas desde o começo do ano ao tentarem chegar pelo mar à Europa.

Mas também ocorreram protestos anti-imigração, em países do leste da União Europeia.

"Estamos aqui para o governo ouvir nossa voz e abandonar qualquer plano de receber muçulmanos", disse o organizador do protesto de Varsóvia à multidão de 5.000 pessoas gritando palavras de ordem anti-islã.

Traficantes "inescrupulosos"

A Organização Internacional para a Migração disse na sexta-feira que mais de 430.000 pessoas cruzaram o Mediterrâneo para entrar na Europa neste ano, com 2.748 mortos ou desaparecidos em barcos precários levados geralmente por inescrupulosos traficantes de seres humanos.

O fluxo de refugiados expôs fendas profundas na UE, com estados na "linha de frente" como Itália, Grécia e Hungria lutando e com as propostas da Comissão Europeia para repartir 160.000 dos recém-chegados em um esquema de cotas que enfrenta resistências entre os membros do leste.

A Alemanha pegou a maior fatia até agora, prometendo acolher 450.000 pessoas, com o governo da chanceler Angela Merkel - saudada como heroína por muitos imigrantes e alvo de críticas em casa - aliviando as regras de asilo para sírios.

Na sexta-feira, o ministro alemão das Relações Exteriores, dizendo que a crise poderia ser a maior na história da União Europeia, falhou em Praga ao tentar convencer os membros do leste europeu a assinar o acordo de Bruxelas.

"Não estão fugindo do perigo"

A Hungria, até agora, viu cerca de 180.000 pessoas passando por suas fronteiras neste ano. O plano do país de construir um enorme muro, mobilizar o exército e prender imigrantes ganhou duras críticas, corroboradas por imagens de refugiados em campos abarrotados.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro Viktor Orban afirmou que os líderes da União Europeia estão "vivendo no mundo dos sonhos" sem "nenhuma ideia" sobre os perigos e escalada do problema, enquanto nega que os imigrantes são refugiados.

"Estes imigrantes não estão fugindo das zonas de conflito, mas de campos nos bairros da Síria... Então estas pessoas não estão fugindo do perigo e não precisam temer por suas vidas", disse Orban ao diário alemão Bild durante entrevista.

Orban afirmou que ele gostaria de propor aos seus sócios da UE que o bloco doe 3 bilhões de euros ao Líbano, Jordânia e Turquia, "e mais se for necessário - até que o fluxo de imigrantes pare".

A ideia de que as cotas funcionem é uma "ilusão", afirmou. "Nós realmente podemos impedir os imigrantes de irem aonde quiserem? Quem irá mantê-los na Estônia, Eslovênia ou Portugal se eles querem ir à Alemanha?".

Imigrantes continuam chegando

No entanto, milhares de migrantes estão viajando para a Grécia através dos Balcãs. De acordo com um relatório da ONU, um recorde de 7.600 entraram na Macedônia na madrugada entre quinta-feira e sexta-feira, partindo para a Sérvia e depois para a Hungria.

Novos números neste sábado mostraram que 3.023 pessoas entraram na Hungria na sexta-feira, todos desejando viajar por meio da Áustria para países do oeste europeu, principalmente Alemanha e Suécia.

Ao menos 2.000 imigrantes estavam na estação de trem Keleti em Budapeste neste sábado, com cerca de 300 a 500 embarcando em trens com destino à fronteira com a Áustria.

No total, 7.200 pessoas chegaram a Munique, sul da Alemanha, neste sábado, com oficiais esperando outras 2.000 ao longo do dia. A Alemanha mobilizou 4.000 policiais.

As autoridades de Munique disseram que estão ficando sem instalações para os imigrantes dormirem. "Nós não sabemos mais o que fazer com os refugiados", disse o prefeito Dieter Reiter à agência de notícias alemã DPA.

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