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Europa pede diálogo para que EUA não abandone tratado nuclear com Rússia

A não aplicação do tratado de desarmamento nuclear INF entre as potências pode comprometer a segurança da UE

Presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin: permanência de ambas as potências no tratado nuclear é fundamental para a sua efetividade (Leonhard Foeger/Reuters)

Presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin: permanência de ambas as potências no tratado nuclear é fundamental para a sua efetividade (Leonhard Foeger/Reuters)

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EFE

Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 11h24.

Bucareste - Os ministros de Relações Exteriores de Alemanha, Áustria, Bélgica, Hungria, Lituânia e Letônia apelaram nesta sexta-feira ao diálogo para evitar que o tratado de desarmamento nuclear INF entre os Estados Unidos e a Rússia deixe de ser aplicado, uma situação que representaria um desafio para a segurança da União Europeia.

Os EUA ameaçam iniciar amanhã o processo de retirada do INF, que dura seis meses, após acusarem a Rússia de violar o tratado de eliminação de mísseis de curto e médio alcances assinado em 1987.

Washington deu a Moscou um prazo de 60 dias para que destruísse um novo tipo de míssil de cruzeiro que supostamente viola o acordo, mas Moscou insiste em afirmar que não descumpriu com as obrigações do documento.

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, apelou ao diálogo, já que um mundo sem o tratado seria "menos seguro", e propôs relançar um novo debate internacional sobre desarmamento.

"O tema do desarmamento e da arquitetura de segurança deve voltar à agenda internacional, não só por EUA e Rússia, mas também por países como a China e por causa dos novos sistemas de armamentos autônomos, armas cibernéticas e robôs assassinos", afirmou o chefe da diplomacia alemã ao chegar a uma reunião informal de ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) em Bucareste, na Romênia.

"Sobre isso não existe um marco internacional adequado", insistiu o representante germânico.

Maas afirmou que Berlim quer ajudar nesse diálogo "com uma conferência sobre desarmamento em março em Berlim sobre novos sistemas de armamentos".

Para o ministro alemão, não se deve cair em uma retórica da Guerra Fria porque trata-se de um conflito do passado e, assim, "todas as respostas dadas naquela época não são adequadas para responder aos desafios que temos agora".

A ministra de Relações Exteriores da Áustria, Karin Kneissl, por sua vez disse que seu país acompanha com "especial preocupação" a situação.

"As corridas armamentistas não só elevam os riscos, mas custam muito dinheiro", declarou Kneissl ao chegar à reunião ministerial em Bucareste.

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, também mostrou preocupação com a situação já que uma corrida armamentista entre EUA e Rússia é especialmente prejudicial para a Europa Central.

"Há uma lição da história: cada vez que há um conflito entre Leste e Oeste, nós centro-europeus sempre perdemos", declarou o ministro húngaro, que propôs "uma cooperação pragmática" que garanta a segurança.

Por sua vez, o ministro belga, Didier Reynders, também pediu um "diálogo direto" com Rússia e Estados Unidos para "evitar a proliferação" e fazer frente ao que considerou um "verdadeiro desafio para a União Europeia".

Com os EUA, Reynders disse que tratará o assunto dentro das próximas reuniões da Otan, mas também em nível bilateral em Washington.

"Acredito que a saída (do tratado) não é uma boa solução, deveríamos retomar um verdadeiro diálogo", considerou o ministro belga, que tem confiança de que os EUA "seguirão trabalhando no diálogo com a Rússia".

"Não é saindo do marco multilateral que vamos ter mais sucesso na luta contra a proliferação", insistiu Reynders.

Para o ministro belga, é preciso "tentar manter um diálogo direto com a Rússia", como acontece em muitos outros assuntos, e mencionou as discussões sobre o conflito separatista no leste da Ucrânia, as conversas sobre mudança climática e sobre o conflito sírio.

O chefe da diplomacia de Luxemburgo, Jean Asselborn, também opinou que a União Europeia tem que ser um "mediador positivo" entre Rússia e Estados Unidos para evitar um rearmamento nuclear no qual, segundo ele, a Europa seria a grande prejudicada.

"Geograficamente, somos os prejudicados se o rearmamento estiver na ordem do dia", disse o ministro.

Por outro lado, os ministros se mostraram divididos na hora de atribuir a responsabilidade pela violação do tratado: enquanto a Alemanha e os países bálticos acusaram Moscou de não cumprir o estipulado no documento, outros países como Áustria e Hungria afirmaram que a situação é um pouco mais complexa do que apontar o dedo apenas para a Rússia.

A Turquia, cujo ministro de Relações Exteriores Mevlut Çavusoglu participa da reunião como país candidato a entrar na UE, pediu o diálogo entre Rússia e EUA.

"Nós aliados apoiamos as políticas da Otan sobre isso e temos uma política dupla, dissuasão e diálogo, mas acredito que precisamos de mais diálogo nestes dias para superar esses problemas", opinou o ministro turco diante dos jornalistas.

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