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EUA têm de "pisar no freio" ou arriscar conflito, diz ministro chinês

Em primeira coletiva, ministro de Relações Exteriores faz duras críticas aos EUA

Em reunião virtual, Biden e Xi Jinping conversam sobre Taiwan. Relações entre os países ficam mais tensas após novas declarações (Alex Wong / Equipe/Getty Images)

Em reunião virtual, Biden e Xi Jinping conversam sobre Taiwan. Relações entre os países ficam mais tensas após novas declarações (Alex Wong / Equipe/Getty Images)

Publicado em 7 de março de 2023 às 10h10.

Na primeira coletiva de imprensa desde que assumiu o cargo, o ministro de Relações Exteriores da China, Qin Gang, criticou os EUA duramente nesta terça-feira (7) pela deterioração das relações bilaterais e apoio de Washington a Taiwan.

A política de Washington para a China "desviou-se totalmente da trilha racional e sólida", disse Qin a repórteres, às margens da reunião anual do legislativo do país. Segundo Qin, Washington "pretende conter e suprimir a China em todos os aspectos e colocar os dois países presos em um jogo de soma zero".

"O estabelecimento de grades de proteção (guardrails) e a não busca de conflitos significam simplesmente que a China não deve responder em palavras ou ações quando for caluniada ou atacada", disse Qin.

"Se os EUA não pisarem no freio, mas continuarem acelerando no caminho errado, nenhuma grade de proteção poderá impedir o descarrilamento e certamente haverá conflito e confronto", disse ele. "Essa competição é uma jogada imprudente, sendo que os interesses fundamentais dos dois povos e até mesmo o futuro da humanidade estão em jogo."

O linguajar áspero de Qin parece desafiar previsões de que a China abandonaria sua agressiva diplomacia de "lobo guerreiro" e assumiria uma postura mais moderada, uma vez que as relações bilaterais atingiram uma baixa histórica em questões como comércio e tecnologia, Taiwan, direitos humanos e invasão da Ucrânia pela Rússia.

Na coletiva, Qin também relacionou a guerra russo-ucraniana à polêmica em torno de Taiwan.

"Por que os EUA pedem à China que não forneça armas para a Rússia, enquanto continua vendendo armas para Taiwan?" questionou o ministro. "O tratamento indevido da questão de Taiwan abalará os próprios alicerces das relações entre China e EUA."

XI Jiping critica repressão ocidental e dos EUA

Segundo a imprensa estatal chinesa, o presidente Xi Jinping também criticou a "repressão" ocidental contra a China, estimulada na sua opinião pelos Estados Unidos, em um discurso durante a sessão legislativa anual em Pequim.

"Países ocidentais liderados pelos Estados Unidos iniciaram uma política de contenção, cerco e repressão contra a China, que provocou severos desafios, sem precedentes, para o desenvolvimento do nosso país", declarou Xi, citado na segunda-feira à noite pela agência estatal de notícias Xinhua.

O chefe de Estado, de 69 anos, que se prepara para iniciar o terceiro mandato presidencial consecutivo, afirmou que nos últimos cinco anos surgiram obstáculos que ameaçam frear o avanço econômico chinês.

Xi acrescentou que a China deve "ter a coragem de lutar ao enfrentar mudanças profundas e complexas no panorama local e internacional", segundo a versão em inglês do discurso aos delegados da Conferência de Consulta Política do Povo Chinês (CCPPC).

Conflito e balões

Pequim e Washington travaram disputas nos últimos anos no comércio, direitos humanos e outras áreas, mas as relações ficaram ainda mais tensas em fevereiro, quando o governo dos Estados Unidos derrubou um balão chinês que, afirmou, era usado para espionagem, o que a China nega.

Funcionários de alto escalão do governo americano insistem que a China pode invadir Taiwan nos próximos anos, mencionando as manobras militares de Pequim ao redor da ilha de governo autônomo.

A China considera Taiwan como parte de seu território e prometeu retomar a ilha.

O incidente do balão levou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a adiar uma visita diplomática a Pequim, onde pretendia abordar uma série de temas importantes.

China anuncia meta de crescimento de 5%

No domingo, 5, governo chinês anunciou uma meta de crescimento de "cerca de 5%" para o ano de 2023. O número faz parte do plano de retomada da economia do país, após a desaceleração causada pela pandemia de covid-19. No ano passado, a China cresceu 3%, um dos desempenhos mais fracos desde os anos de 1970.

Para impulsionar a economia, a China vai manter seu foco em projetos de infraestrutura. O governo planeja um investimento de 550 bilhões de dólares neste ano. O orçamento militar terá um aumento de 7,2% em 2023, em um momento de contexto de Guerra na Ucrânia e constantes disputas políticas com os Estados Unidos.

Taiwan vê risco de invasão da China

Na segunda-feira, 6, o ministro da Defesa de Taiwan alertou nesta segunda-feira, 6, para um crescimento expressivo dos gastos militares da China em 2023, denunciando que Pequim poderia fazer uso da força para tomar o controle da ilha.

No domingo, 5, os chineses anunciaram um aumento de 7,2% nas despesas militares - o maior dos últimos quatro anos -, totalizando 1,55 trilhão de yuans (R$ 1,16 trilhão). "Parece que o outro lado está se preparando para o uso da força, se necessário, no futuro", disse o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, aos deputados.

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