Mundo

EUA suspeitam que Governo boliviano simulou trama terrorista

Segundo documentos da diplomacia norte-americana, Evo Morales teria montado o cenário de seu próprio assassinato para culpar a oposição

Evo Morales: embaixada dos EUA garante que não há como comprovar a trama na Bolívia (Joel Alvarez/Wikimedia Commons)

Evo Morales: embaixada dos EUA garante que não há como comprovar a trama na Bolívia (Joel Alvarez/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2010 às 08h11.

Madri - Os Estados Unidos suspeitam que o Governo boliviano simulou uma trama terrorista para matar o presidente Evo Morales e culpar a oposição, conforme dados revelados pelo WikiLeaks.

A informação divulgada pelo WikiLeaks e publicada na Espanha pelo "El País" cita uma testemunha que garante à Embaixada dos EUA em La Paz que os serviços de inteligência prepararam um falso complô para matar Morales e culpar à oposição.

Pelo relato, os fatos remontam à madrugada de 16 de abril de 2009, quando um comando da Polícia boliviana irrompeu no hotel Las Américas de Santa Cruz.

O resultado foi os "cadáveres seminus de três homens baleados em seus quartos", enquanto o comando prendeu dois sobreviventes.

De acordo com a informação do "El País", o Governo sustentou que os cinco estrangeiros eram terroristas contratados pelos dirigentes opositores de Santa Cruz para impulsionar uma rebelião armada e assassinar Evo Morales.

No entanto, uma fonte próxima ao caso oferece à Embaixada dos EUA uma versão muito diferente: "Os mercenários foram contratados na realidade pelos serviços de inteligência bolivianos para montar uma falsa trama terrorista e justificar a perseguição suscitada depois contra os dirigentes de Santa Cruz, bastião opositor ao Governo".

Por este relato de maio de 2009, os mesmos serviços secretos mataram Eduardo Rózsa Flores (húngaro-boliviano), Árpad Magyarosi (húngaro) e Michael Dwyer (irlandês) para "apagar pistas e semear provas falsas".

Os outros dois, Mario Tadic (boliviano de origem croata) e Elod Toaso (húngaro), "sobreviveram porque não estavam sabendo do esquema e as autoridades os utilizariam como testemunhas para justificar a farsa".

Os dois foram torturados, como constatam os diplomatas americanos em fotografias apresentadas pelas testemunhas, e que mostram os dois homens "ensanguentados, com dentes perdidos, costelas quebradas e muitos machucados provocados por cortes de faca", detalha o jornal "El País".

A Embaixada garante que não há como comprovar a versão, mas acrescenta que a fonte é uma pessoa bem situada e com uma trajetória solvente.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBolíviaDiplomaciaWikiLeaks

Mais de Mundo

Papa celebra o Natal e inicia o Jubileu 2025, 'Ano Santo' em Roma

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips