Bandeira da China: China "é um Estado de Direito e todos os cidadãos são iguais perante a lei", disse porta-voz (Mark Ralston/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 09h32.
Pequim - O governo chinês rejeitou nesta terça-feira o pedido dos Estados Unidos de conceder liberdade ao Nobel da Paz Liu Xiaobo que completou cinco anos detido, e assegurou que somente os cidadãos de seu país têm direito de opinar sobre os direitos humanos na República Popular.
Em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Le, respondeu assim ao pedido do secretário de Estado americano, John Kerry, para a libertação de Liu e de Xu Zhiyong, fundador do movimento "Novo Cidadão", que exige mais controle sobre os altos cargos do país.
Hong afirmou que a China "é um Estado de Direito e todos os cidadãos são iguais perante a lei".
"Ninguém pode estar acima da lei. Liu Xiaobo e Xu Zhiyong são cidadãos chineses que violaram a lei e naturalmente foram punidos de acordo com o Direito chinês", explicou o porta-voz.
Segundo Hong, "apenas 1,3 bilhão de cidadãos chineses têm direito a se pronunciar sobre os direitos humanos na China".
"Esperamos que os EUA se comportem de acordo com uma perspectiva mais ampla de nossos laços bilaterais e faça mais para aumentar a confiança mútua", declarou o porta-voz da chancelaria.
Em comunicado emitido na segunda-feira, Kerry tinha dito a Pequim que o "respeito" dos direitos humanos é fundamental para o "crescimento" e a "prosperidade" do país.
"Pedimos energicamente às autoridades chinesas que libertem Liu Xiaobo", declarou Kerry, que também pediu que se garanta ao dissidente e sua família "todas as proteções e liberdades dos direitos humanos internacionalmente reconhecidos".
O Nobel da Paz 2010 foi detido pela polícia estatal chinesa em 9 de dezembro de 2008, um dia antes da publicação da "Carta 08", escrita por ele e outros intelectuais onde pediam que a China avançasse em direção à democratização.
Desde então, não só Liu, mas muitos signatários iniciais do documento (em 2008 cerca de 300, atualmente mais de 18 mil) sofreram detenções, ameaças e coações.
Liu foi condenado em dezembro de 2009 a 11 anos de prisão por "incitar à subversão do poder estatal", um crime frequentemente atribuído na China a dissidentes, enquanto outro dos principais promotores da carta, Zhang Zuhua, permanece em prisão domiciliar desde então.