Bagram: Departamento de Defesa dos EUA disse que havia transferido os últimos detentos que estavam no campo aéreo de Bagram (Lucas Jackson/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 08h06.
Cabul - Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira o fechamento de um centro de detenção no Afeganistão e disseram não ter mais prisioneiros no país, fechando um capítulo muito criticado na luta de Washington contra o extremismo islâmico.
O Departamento de Defesa dos EUA disse que havia transferido os últimos detentos que estavam no campo aéreo de Bagram, ao norte da capital do país, Cabul.
O local foi fechado em 10 de dezembro, um dia após um relatório do Senado dos EUA ter detalhado abusos em uma prisão secreta da CIA no Afeganistão. A embaixada dos EUA em Cabul disse que a decisão de fechar a instalação estava ligada ao prazo para encerrar o programa de detenção no Afeganistão neste ano, não ao relatório do Senado.
“O governo do Afeganistão será responsável por todos os centros de detenção” a partir de primeiro de janeiro, disse um porta-voz da embaixada. Prisioneiros estrangeiros em Bagram, frequentemente comparada à prisão de Guantánamo, em Cuba, não tiveram direito a julgamentos, apenas comissões de revisão de casos compostas por oficiais militares norte-americanos. Em seu auge, a prisão de Bagram chegou a ter centenas de detidos.
Um tribunal dos EUA descobriu que dois detentos adultos foram espancados até a morte em Bagram em 2002. O governo dos EUA disse que tais casos de abuso eram raros.
Nas últimas semanas houve uma série de transferências de presos de Bagram, incluindo de um alto militante do Taliban paquistanês que voltou ao Paquistão nesta semana. Já o cidadão paquistanês Kamil Shah, libertado sem julgamento após cinco anos de custódia no Afeganistão, desde 2004, quando tinha 16 anos, disse que apanhou dos norte-americanos durante sua passagem por Bagram.
“Eu fiquei na solitária por 11 meses”, disse Shah, que esteve entre os cerca de 2.500 adolescentes identificados pela ONU como detidos no Afeganistão, Iraque e Guantánamo pelos EUA desde 2011.
“Eu gostaria de entrar em um caso legal em nome de todos os inocentes paquistaneses que estiveram na prisão e foram torturados”, disse Shah à Reuters no Paquistão na quarta-feira.