EUA deveriam pagar US$14 tri em reparação pela escravidão, diz magnata
Para o primeiro bilionário negro da história dos Estados Unidos, governo do país precisa reconhecer os danos da escravidão e fazer compensações financeiras
Gabriela Ruic
Publicado em 1 de junho de 2020 às 16h01.
Última atualização em 1 de junho de 2020 às 16h42.
Os Estados Unidos deveriam pagar 14 trilhões de dólares aos negros em reparação pela escravidão e reduzir a desigualdade racial. “Esse é o momento de pensar grande”, disse Robert Johnson, CEO da Black Entertainment Television (BET), de 74 anos. Ele fez história ao ser o primeiro homem negro a se tornar um bilionário no país depois da venda da BET para o conglomerado Viacom em 2001.
Em entrevista ao programa “Squawk Box”, da rede CNBC, em razão dos protestos antirracismo pela morte de George Floyd, o empresário falou sobre a necessidade de o governo reconhecer os danos causados pelo período para evitar que o país se divida em duas sociedades desiguais. “Estou falando de dinheiro. Somos uma sociedade baseada na riqueza e no capitalismo”, disse.
A reparação “seria o programa de ação afirmativa de todos os tempos” e sinalizaria aos brancos que “danos precisam ser reparados” pelas décadas de transferência de renda dos negros para os brancos durante o período.
“São 200 anos de escravidão, de trabalho sem compensação, isso é uma transferência de renda. Negar o acesso à educação, fonte primária para acumulação de renda e riqueza, é transferência de renda”, disse o empresário na entrevista.
Caso George Floyd
George Floyd foi morto no último dia 25. Estava desarmado quando foi alvo de uma abordagem policial que se tornou violenta.
Um vídeo gravado por uma pessoa que testemunhou o fato mostrou os detalhes da brutalidade: um dos policiais envolvidos, branco, ficou minutos ajoelhado sobre o pescoço de Floyd, um homem negro, que repetia que não estava conseguindo respirar.
Floyd, que tinha 46 anos de idade, estava desarmado e se tornou mais um símbolo da violência policial contra os negros nos Estados Unidos.
Desde a notícia da sua morte, protestos violentos surgiram em mais de cem cidades do país e que resultaram na prisão de mais de 4 mil pessoas. Analistas avaliam o momento como a pior crise racial vista no país em 50 anos.
Manifestantes são vistos em meio à fumaça de gás lacrimogêneo durante protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista, em São Paulo, 31 de maio de 2020. REUTERS / Rahel Patrasso
Manifestantes são vistos em meio à fumaça de gás lacrimogêneo durante protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista, em São Paulo, 31 de maio de 2020. REUTERS / Rahel Patrasso
Pessoas protestam contra a violência policial durante operações em favelas contra gangues de drogas e racismo no Brasil, em frente ao Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, Brasil, 31 de maio de 2020. REUTERS / Pilar Olivares
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