China: EUA adia tarifas sobre chips (Leandro Fonseca /Exame)
Redação Exame
Publicado em 24 de dezembro de 2025 às 16h43.
O governo dos Estados Unidos acusou a China de adotar práticas comerciais desleais na indústria de semicondutores, mas decidiu adiar a aplicação de novas tarifas sobre o setor até 2027. A posição foi formalizada em aviso público divulgado nesta terça-feira pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês).
Segundo o documento, a estratégia chinesa de buscar domínio global na produção de semicondutores é considerada “irrazoável” e capaz de onerar e restringir o comércio americano, o que, na avaliação do governo, torna o caso passível de medidas corretivas.
Segundo o USTR, as tarifas permanecerão em zero por um período inicial de 18 meses. A partir de junho de 2027, a alíquota deverá ser elevada, embora o percentual ainda não tenha sido definido pelas autoridades americanas.
A decisão decorre de uma investigação comercial aberta no fim do governo Joe Biden, concentrada na produção chinesa de chips de gerações mais antigas. Esses semicondutores são amplamente utilizados em eletrônicos de consumo, automóveis, sistemas militares e infraestrutura de telecomunicações.
Autoridades dos Estados Unidos e da Europa vêm demonstrando preocupação crescente com o papel dominante da China nesse segmento, considerado estratégico para cadeias produtivas globais.
O adiamento das tarifas ocorre em meio a uma tentativa do governo de Donald Trump de reduzir tensões comerciais com a China, após um período de confrontos tarifários que impactaram mercados e relações diplomáticas no início deste ano.
Em outubro, Trump e o presidente chinês Xi Jinping firmaram uma trégua que incluiu a redução de tarifas americanas sobre produtos chineses. Em contrapartida, Pequim se comprometeu a intensificar o combate ao comércio de substâncias utilizadas na produção de fentanil.
A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo tem provocado volatilidade nos mercados financeiros e desconforto entre aliados dos Estados Unidos, pressionados a adotar uma postura mais rígida em relação à China mesmo enquanto enfrentam tarifas impostas por Washington.
Trump afirmou no mês passado que aceitou um convite para se reunir com Xi Jinping em Pequim, em abril, e que também planeja receber o líder chinês para um jantar de Estado no próximo ano.