ETA afirma que desmantelou estruturas da luta armada
Grupo separatista que quer a independência do País Basco da Espanha disse em comunicado que quer transformar confronto armado em confronto democrático
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2014 às 19h00.
San Sebastián - O grupo separatista ETA anunciou neste sábado em comunicado enviado a um jornal basco que desfez as estruturas derivadas da luta armada para realizar a transição do ciclo do confronto armado para o confronto democrático".
O site do jornal "Gara" publicou um trecho do comunicado que será conhecido integralmente amanhã, domingo, no qual ETA assinala que entrou em um "profundo processo de transformação", e destacou o "desmantelamento, já terminado, das estruturas logísticas e operacionais derivadas da prática da luta armada".
No comunicado, datado de 15 de julho, o ETA afirmou que o primeiro pilar desta remodelação está relacionado com o "o fechamento verificado dos depósitos de armas", anunciado em março.
O segundo pilar é a "adequação de suas estruturas", o que indica que o ETA já terminou de desmontar as estruturas logísticas e operacionais.
Agora o ETA está criando uma estrutura "técnico-logística que terá como objetivo se desfazer do material dos depósitos de armas".
O ETA informou que reforçará sua estrutura para tarefas políticas, "assim como as que têm como objetivo promover conversas entre as diferentes partes para fazer o processo de paz avançar" e deixa estas decisões no início de um caminho cujo horizonte fixa "na superação de todas as consequências do conflito, entre elas, o desarmamento e a volta a casa de presos e foragidos".
O grupo, considerado terrorista por Espanha, Estados Unidos, União Europeia e Anistia Internacional, ressaltou que a "resolução do conflito político ficaria nas mãos dos agentes políticos e sociais".
Entende, além disso, que corresponde à esquerda ++abertzale++ (nacionalista, em língua basca) "assumir a liderança e a responsabilidade de dirigir o processo de libertação / liberação nesta fase".
Por sua parte, fontes do Ministério espanhol do Interior declararam a EFE que o comunicado "não contém nenhuma novidade" e reiteraram que "só esperam da banda sua dissolução incondicional e o desmantelamento de todas suas estruturas criminais / criminosos".
"Qualquer outro comunicado não merece nenhuma avaliação / valorização", assinalaram as fontes do departamento que dirige Jorge Fernández Díaz.
Esta semana tiveram lugar no País Basco (norte da Espanha ) reuniões entre personalidades internacionais, como o diplomata britânico Jonathan Powell e o político norte-irlandês Martin McGuinness, com dirigentes de vários partidos nacionalistas locais com a intenção de avançar a pacificação da região.
Powell foi chefe do gabinete do ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair e Martin McGuinness é vice-ministro principal da Irlanda do Norte e dirigente do Sinn Féin, antigo braço político do grupo terrorista IRA, hoje inativo.
Em fevereiro o ETA fez um primeiro gesto de entrega de armas, considerado pela maioria da classe política insuficiente.
Naquele momento, visitaram o País Basco os membros da chamada Comissão Internacional de Verificação (COM), que não deu resultados, e o governo regional basco recebeu fortes críticas.
Responsável por 856 assassinatos desde 1960 em sua estratégia de reivindicação da independência do País Basco da Espanha, a grupo terrorista ETA anunciou a cessação definitiva da atividade armada em outubro de 2011.