Rafah: passagem é a única ligação da faixa que Israel não controla. (Bloomberg/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 1 de novembro de 2023 às 08h11.
Dezenas de estrangeiros e cidadãos palestinos com dupla cidadania começaram a deixar a Faixa de Gaza e atravessam para o Egito pela passagem de Rafah na manhã desta quarta-feira, 1º, após autoridade fronteiriça do Hamas divulgar lista de cerca de 500 nomes, e pedirem que se apresentassem nesta manhã. É a primeira vez que fronteira é aberta para saída de pessoas desde o início do conflito entre Israel e Hamas, mas brasileiros não foram incluídos na listagem.
A autorização partiu de um acordo mediado pelo Catar com Israel, Egito e o Hamas. A abertura excepcional liberou cerca de 90 feridos e 450 estrangeiros, conforme afirmaram autoridades egípcias. Na lista, estão pessoas com passaportes da Austrália, Áustria, Bulgária, República Checa, Finlândia, Indonésia, Japão e Jordânia. Os membros da equipe de organizações de ajuda humanitária, incluindo os Médicos Sem Fronteiras, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a UNRWA, também estão na lista.
Na terça-feira, 31, a autoridade disse que o Egito concordou em receber 81 feridos de Gaza na quarta-feira, ecoando relatos da mídia estatal egípcia.
A passagem de Rafah é a única ligação da faixa que Israel não controla. O Egito, que supervisiona a travessia, recusou-se a abri-la aos civis, alertando que um afluxo de refugiados palestinos poderia desestabilizar a região. O encerramento da passagem de Rafah deixou milhares de cidadãos estrangeiros e palestinos com dupla nacionalidade presos na zona de guerra.
No início da manhã desta quarta, dezenas de ambulâncias começaram a se deslocar do Egito pelo posto de fronteira de Rafah para buscar palestinos feridos em Gaza, informou a televisão estatal egípcia. Imagens transmitidas pelo Qahera News um canal estatal, mostraram uma fileira de ambulâncias amarelas alinhadas do lado de fora do portão da fronteira. Segundo a televisão estatal egípcia, 81 palestinos serão levados para hospitais no Egito, em um processo facilitado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
A Faixa de Gaza sofreu outra grande interrupção das linhas de comunicação e internet na manhã de quarta-feira, horário local, conforme o grupo de monitoramento de segurança cibernética Netblocks. "O incidente é consistente com a perda de serviço na sexta-feira e será provavelmente sentido pela maioria dos residentes como uma perda total ou quase total das comunicações” disse o diretor de pesquisa da Netblocks, Isik Mater, ao The Washington Post por e-mail.
A PalTel, principal provedora de telecomunicações em Gaza, disse nas mídias sociais que os serviços de comunicação e internet foram completamente interrompidos "devido às rotas internacionais reconectadas anteriormente terem sido cortadas novamente".
A Jawwal, outro grande provedor e uma subsidiária da Paltel, também informou em sua página do Facebook que seus serviços foram interrompidos.
No fim de semana, o enclave densamente povoado, com mais de 2 milhões de pessoas, sofreu um apagão quase total nas comunicações, prejudicando os esforços de resgate e a entrega de ajuda.
Uma autoridade sênior dos EUA disse ao The Post no domingo, 29, que Israel havia desligado as comunicações em Gaza e que os Estados Unidos haviam pressionado o governo a religá-las. "Deixamos claro que elas precisavam ser religadas", disse a autoridade, que falou sob condição de anonimato para discutir negociações delicadas.
A Casa Branca, em um tweet na segunda-feira, 30, disse que havia trabalhado para restaurar as comunicações em Gaza. "Os trabalhadores humanitários, civis e jornalistas precisam ser capazes de se comunicar uns com os outros e com o resto do mundo", disse.
O Hamas lançou a "Operação Al-Aqsa Flood" para, segundo alega, defender a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, palco de tensões entre palestinos e israelenses.
A Faixa de Gaza é um região palestina localizada ao leste do território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito. Mais de dois milhões de palestinos vivem na região, com quase 6.000 habitantes por km² — uma das densidades populacionais mais altas do mundo.
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) não reconhece o Hamas como um grupo terrorista. Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e nações da União Europeia apontam que o Hamas é uma organização terrorista.
Ismail Haniyeh lidera o Hamas desde 2017 e reside em Doha, Catar, desde 2020 devido às restrições de saída e entrada em Gaza, que enfrenta bloqueios em suas fronteiras tanto com Israel quanto com o Egito.
Na sua Carta de Princípios de 1988, o Hamas declarou que a Palestina é uma terra islâmica e não reconhece a existência do Estado de Israel.