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Estimulados pela revolta, trabalhadores egípcios lutam por melhorias

Trabalhadores de companhias de petróleo e alumínio, professores, advogados, pedreiros e funcionários dos Correios, entre outros, participaram de protestos nesta quinta

Manifestantes contra Mubarak: sindicatos também apóiam protestos no Egito (Chris Hondros/Getty Images)

Manifestantes contra Mubarak: sindicatos também apóiam protestos no Egito (Chris Hondros/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 13h24.

Cairo - As manifestações populares no Egito estão começando a se estender aos trabalhadores, criando uma nova frente contra o regime de Hosni Mubarak, em uma luta que aflora agora após muitos anos de silêncio.

Centenas de funcionários, operários e trabalhadores de diferentes setores públicos e privados saíram às ruas do Cairo nesta quinta-feira para pedir aumentos salariais e uma vida mais digna.

Inspirados pelo que chamaram de "revolução" da praça Tahrir, trabalhadores de companhias de petróleo e alumínio, professores, advogados, pedreiros e funcionários dos Correios, entre outros, participaram nesta quinta-feira de protestos e greves em diferentes pontos do país.

"Greve geral no Correio egípcio em solidariedade aos jovens de (a praça) Tahrir", dizia um cartaz exibido durante as manifestações, que contaram com centenas de funcionários que protestaram diante da sede dos Correios, no centro do Cairo.

"Não conseguimos nossos direitos nem no salário, nem no horário, nem nas comissões, nem no tratamento", disse à Agência Efe Rehab Mohammed Salah, uma funcionária que participava dos protestos.

Ela afirmou que seu salário é de 500 libras (US$ 85), apesar de trabalhar nos Correios há 22 anos.

Já Adala Hassan, quem trabalha com Rehab, assegurou que os protestos tiveram início na quarta-feira e que os manifestantes estão decididos a continuar até que as autoridades atendam suas reivindicações.

"Os jovens da revolução de Tahrir nos encorajaram a lutar por nossos direitos. Antes não nos atrevíamos", afirmou Adala.


Ela e os outros funcionários optaram por protestar diante da sede da Associação Geral dos Correios.

Aos manifestantes se uniu o chefe do sindicato dos Correios, quem assegurou que os pedidos se centram em um aumento salarial e contratos fixos.

Segundo ele, os funcionários também participaram das manifestações que tiveram início em 25 de janeiro na praça Tahrir para pedir a renúncia de Mubarak.

"Embora nossas manifestações hoje tenham reivindicações pessoais, também apoiam os (manifestantes) de Tahrir. Como eles, pedimos justiça nos salários dos funcionários e a igualdade entre todos", acrescentou.

Não muito longe desta manifestação, centenas de operários cortaram o acesso ao principal túnel de Al-Azhar.

Eles afirmavam que trabalham há dez anos neste túnel sem ter contratos fixos e com baixos salários e seguravam cartazes nos quais se podiam ler frases como "Não à injustiça" e "Não sairemos até que estejamos contratados".

"Pedimos às autoridades que nos contratem. Alguns estão casados e têm filhos pequenos, e, mesmo assim, ganham 500 libras mensais", disse um dos manifestantes, quem assegurou também que a "revolução" de Tahrir estimulou todos a cobrar seus direitos.

Para o vice-presidente do Sindicato de Operários de Construções, os trabalhadores mais afetados são os que cobram por jornada, como carpinteiros e ferreiros.

"Todas estas greves são fruto de uma acumulação de problemas antigos que apareceram agora. Muitos operários estão participando, inclusive, sem nenhuma organização entre eles", ressaltou.

Segundo o dirigente sindical, "as greves nas companhias não estão relacionadas com as manifestações em Tahrir, mas esta revolta deu a eles a oportunidade" de reivindicar.

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