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Estados Unidos flexibilizam nova política antidrogas

EUA procuram romper o ciclo de uso de drogas, crime e prisões para intensificar programas de intervenção no mercado de entorpecentes que já funcionam em nível local

Base para esse novo enfoque é o reconhecimento de que a toxicomania não é um crime, mas ''uma doença do cérebro que pode ser prevenida e tratada'' (AFP / Fred Dufour)

Base para esse novo enfoque é o reconhecimento de que a toxicomania não é um crime, mas ''uma doença do cérebro que pode ser prevenida e tratada'' (AFP / Fred Dufour)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 21h47.

Washington - O governo dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira uma nova estratégia em sua luta antidrogas que procura se afastar do enfoque estritamente policial para incentivar a prevenção e o tratamento, sem deixar nenhuma porta aberta à legalização.

Os EUA procuram romper o ciclo de uso de drogas, crime e prisões para intensificar programas de intervenção no mercado de entorpecentes que já funcionam em nível local, explicou o diretor nacional antidrogas, Gil Kerlikowske, em entrevista coletiva em Washington.

A Estratégia Nacional para o Controle de Drogas de 2012 delineia uma terceira via entre as duas propostas extremas que marcaram o debate sobre os entorpecentes nos últimos dois anos: o recurso em massa ao sistema penal e a legalização das substâncias, afirma o diretor.

De acordo com ele, a base para esse novo enfoque é o reconhecimento de que a toxicomania não é um crime, mas ''uma doença do cérebro que pode ser prevenida e tratada''.

Apesar da busca por alternativas, a nova estratégia não considera em absoluto a legalização das drogas, uma possibilidade que tomou nova força no continente com a iniciativa do presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina.

Na 6ª Cúpula das Américas, realizada em Cartagena das Indias (Colômbia) no último fim de semana, o presidente americano, Barack Obama, ressaltou sua oposição à legalização, mas esteve de acordo em buscar junto aos líderes do continente ''novos enfoques'' em uma luta antidrogas que muitos consideram fracassada.


A América Latina se mantém como área prioritária nos esforços de cooperação internacional. Em nível bilateral, o objetivo é fortalecer as alianças estratégicas com o México e consolidar os avanços feitos na Colômbia, um país que ''desempenha um papel líder no hemisfério ao compartilhar sua ampla experiência antidrogas'', segundo o relatório da estratégia.

O documento também adverte que o potencial de produção de cocaína diminuiu na Colômbia, mas aumentou em outros países andinos, especialmente no Peru, cujo potencial de produção de cocaína já supera a de sua vizinha Colômbia.

No total, a nova estratégia define sete áreas de ação, quatro delas baseadas na prevenção e no tratamento, somadas à melhora da gestão da informação, da cooperação internacional e dos obstáculos ao tráfico de drogas no terreno doméstico.

Assim, os Estados Unidos procuram integrar o tratamento dos drogados no sistema básico de saúde, através de medidas como a formação de equipes médicas para tramitar casos de overdose ou a expansão dos serviços relacionados com a dependência em centros de atendimento primário.

Segundo Kerlikowske, esse enfoque não pode chegar em melhor momento, já que o abuso de drogas é atualmente a principal causa de morte acidental nos Estados Unidos, acima dos acidentes de trânsito.

A estratégia também ressalta seu apoio aos tribunais que o governo de Obama criou em 2010 para tratar assuntos de drogas, e que segundo seus dados, conseguem integrar a cada ano cerca de 120 mil pessoas em programas de tratamento ao invés de enviá-las à prisão.

Segundo dados oficiais, o consumo de drogas nos Estados Unidos se reduziu em um terço nos últimos 30 anos e o uso da cocaína diminuiu quase em 40% desde 2006. 

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