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Especialistas apontam soluções para cidades da AL

Veio da Cidade do México um dos exemplos bem-sucedidos de aproveitamento dos espaços públicos para melhorar a qualidade de vida da população

Cidade do México: programa federal de resgate de espaços públicos foi promovido em 350 municípios (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 19h22.

Pesquisadores de áreas interdisciplinares do conhecimento com atuação no Brasil, Reino Unido, México, Chile e Colômbia reuniram-se no UK Latam Future Cities Joint Research Workshop, realizado pelo UK Science & Innovation Network, órgão do governo britânico, em parceria com a FAPESP e o USP Cidades, núcleo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), nos dias 30 de setembro e 1º de outubro.

De acordo com Richard Turner, cônsul geral britânico, que abriu o workshop, o objetivo do encontro foi debater, por meio das experiências de diferentes centros urbanos, soluções para desafios em transporte, recursos hídricos, uso de energia, urbanismo e comunidades, entre outros temas.

“Sabemos o quanto as metrópoles e suas questões são importantes não só localmente, mas globalmente, e esperamos que este workshop ofereça oportunidades de intercâmbio entre pesquisadores de cidades tão relevantes para a América Latina e o mundo”, disse à Agência FAPESP.

Para Celso Lafer, presidente da FAPESP, as cidades representadas no workshop realizado no auditório da Fundação contam com exemplos de enfrentamento dessas questões.

“As metrópoles são complexas, mas muitos de seus desafios têm origens comuns. É preciso refletir sobre as causas de seus problemas e enfrentá-los. Os pesquisadores aqui reunidos trazem experiências que, compartilhadas, podem ajudar no entendimento e na superação de problemas de diversas ordens enfrentados pelas metrópoles da América Latina”, disse Lafer.

Para Robert Rogerson, vice-diretor do Institute for Future Cities da University of Strathclyde, da Escócia, um dos maiores desafios das cidades é adotar medidas que as tornem competitivas sem prejuízo à qualidade de vida das suas populações.

“As cidades precisam ser atraentes para o capital global e, ao mesmo tempo, bons lugares para se viver, porque a qualidade de vida é um componente importante para a competitividade. Bons indicadores sociais também tornam cidades competitivas”, disse.

Veio da Cidade do México um dos exemplos bem-sucedidos de aproveitamento dos espaços públicos para melhorar a qualidade de vida da população.

Luis Zamorano, diretor de Desenvolvimento Urbano e Acessibilidade da organização não governamental mexicana Embarq, apresentou resultados de um programa federal de resgate de espaços públicos promovido em 350 municípios mexicanos.

“Além de devolver esses espaços recuperados à população, o objetivo era fomentar a identidade comunitária, a coesão social e a prevenção de condutas inadequadas, aumentando a segurança da população”, disse Zamorano, avaliando que mais de 66,5 milhões de mexicanos tenham sido beneficiados pelo programa.

De acordo com Zamorano, contribuiu para a eficácia do programa o envolvimento das comunidades na recuperação dos espaços.

“As populações locais participaram ativamente do processo, engajando vizinhos, identificando as localidades que seriam recuperadas, realizando diagnósticos e avaliando os planos que foram feitos para cada uma”, disse.

Ao fim do programa, pesquisa realizada pelos municípios apurou que a sensação de segurança nos arredores dos espaços recuperados aumentou consideravelmente.

“Mais de 70% das pessoas consultadas aprovaram o trabalho realizado nas localidades e se disseram mais tranquilas em relação à segurança pública”, disse Zamorano.

Para Gareth Jones, da London School of Economics and Political Science, da Inglaterra, o caso mexicano é um exemplo dos benefícios que as cidades podem ter quando suas comunidades se apropriam das medidas de superação dos problemas.

“Naturalmente, a sensação de segurança ter aumentado não significa que esses locais estejam mais seguros, mas é uma mudança importante. A partir desse engajamento muitos outros desafios podem ser superados, em diversas áreas críticas das grandes cidades latino-americanas e do mundo todo”, avaliou.

As discussões seguiram com abordagens sobre urbanismo, transporte e sustentabilidade e uso da água, com apresentações de representantes do Imperial College London, no Reino Unido, das instituições colombianas Universid National, Universidad Antonio Nariño e Universidad del Norte, das chilenas Universidad de Concepcion e Pontificia Universidad Catolica de Chile e das brasileiras USP e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Oportunidades

Além do intercâmbio de experiências científicas, o workshop apresentou oportunidades de financiamento de pesquisas conjuntas nas áreas, como o Newton Fund, do governo britânico, lançado no Brasil em abril e destinado ao fomento à pesquisa e à inovação em países emergentes.

Diego Arruda, gerente de Projetos do Consulado Geral Britânico em São Paulo, apresentou algumas das possibilidades abertas.

“O Newton Fund tem grande importância na política do governo britânico para os países emergentes. No caso da América Latina, trata-se de uma oportunidade de aproveitamento do potencial científico de países de relevância crescente no cenário mundial”, disse.

Serão investidos £ 375 milhões, cerca de R$ 1,4 bilhão, em 15 países.

Ao Brasil serão destinados £ 9 milhões anuais, mais de R$ 33 milhões, durante três anos.

O valor tem contrapartida brasileira, com aporte financeiro de instituições nacionais, e chamadas já foram lançadas em diversas modalidades de apoio com a participação da FAPESP.

Em setembro, a FAPESP, o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), as fundações de amparo à pesquisa estaduais (FAPs), a Academy of Medical Sciences, a British Academy, a Royal Academy of Engineering e a Royal Society anunciaram chamada de propostas com financiamento em conjunto com o Newton Fund.

O objetivo da chamada é estimular o intercâmbio internacional em pesquisa, e o prazo para submissão de propostas vai até 22 de outubro (leia mais em agencia.fapesp.br/19841).

Ainda em setembro a FAPESP e o British Council anunciaram o resultado da chamada de propostas lançada em abril para apoiar a realização de workshops de pesquisa com recursos do Newton Fund.

Foram aprovadas 16 propostas, que receberão apoio financeiro para a realização de encontros entre jovens cientistas do Reino Unido e do Estado de São Paulo para o estabelecimento de futuras colaborações em pesquisa (leia mais em agencia.fapesp.br/19771).

Antes, em agosto, os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK) haviam lançado seu primeiro edital para o Newton Fund, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

O prazo para a submissão de propostas se encerra em 17 de outubro (mais informações em agencia.fapesp.br/19685).

As Academias Nacionais do Reino Unido – Royal Society, British Academy, Academy of Medical Sciences e Royal Academy of Engineering –, em colaboração com o Confap e as FAPs, também oferecem auxílios no âmbito do Newton Fund (leia mais em agencia.fapesp.br/19897).

Além do Brasil e dos demais países latino-americanos representados no workshop – México, Chile e Colômbia –, recebem aportes do Newton Fund China, Índia, Turquia, África do Sul, Egito, Cazaquistão, Tailândia, Indonésia, Vietnã, Filipinas e Malásia.

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Pesquisadores de áreas interdisciplinares do conhecimento com atuação no Brasil, Reino Unido, México, Chile e Colômbia reuniram-se no UK Latam Future Cities Joint Research Workshop, realizado pelo UK Science & Innovation Network, órgão do governo britânico, em parceria com a FAPESP e o USP Cidades, núcleo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), nos dias 30 de setembro e 1º de outubro.

De acordo com Richard Turner, cônsul geral britânico, que abriu o workshop, o objetivo do encontro foi debater, por meio das experiências de diferentes centros urbanos, soluções para desafios em transporte, recursos hídricos, uso de energia, urbanismo e comunidades, entre outros temas.

“Sabemos o quanto as metrópoles e suas questões são importantes não só localmente, mas globalmente, e esperamos que este workshop ofereça oportunidades de intercâmbio entre pesquisadores de cidades tão relevantes para a América Latina e o mundo”, disse à Agência FAPESP.

Para Celso Lafer, presidente da FAPESP, as cidades representadas no workshop realizado no auditório da Fundação contam com exemplos de enfrentamento dessas questões.

“As metrópoles são complexas, mas muitos de seus desafios têm origens comuns. É preciso refletir sobre as causas de seus problemas e enfrentá-los. Os pesquisadores aqui reunidos trazem experiências que, compartilhadas, podem ajudar no entendimento e na superação de problemas de diversas ordens enfrentados pelas metrópoles da América Latina”, disse Lafer.

Para Robert Rogerson, vice-diretor do Institute for Future Cities da University of Strathclyde, da Escócia, um dos maiores desafios das cidades é adotar medidas que as tornem competitivas sem prejuízo à qualidade de vida das suas populações.

“As cidades precisam ser atraentes para o capital global e, ao mesmo tempo, bons lugares para se viver, porque a qualidade de vida é um componente importante para a competitividade. Bons indicadores sociais também tornam cidades competitivas”, disse.

Veio da Cidade do México um dos exemplos bem-sucedidos de aproveitamento dos espaços públicos para melhorar a qualidade de vida da população.

Luis Zamorano, diretor de Desenvolvimento Urbano e Acessibilidade da organização não governamental mexicana Embarq, apresentou resultados de um programa federal de resgate de espaços públicos promovido em 350 municípios mexicanos.

“Além de devolver esses espaços recuperados à população, o objetivo era fomentar a identidade comunitária, a coesão social e a prevenção de condutas inadequadas, aumentando a segurança da população”, disse Zamorano, avaliando que mais de 66,5 milhões de mexicanos tenham sido beneficiados pelo programa.

De acordo com Zamorano, contribuiu para a eficácia do programa o envolvimento das comunidades na recuperação dos espaços.

“As populações locais participaram ativamente do processo, engajando vizinhos, identificando as localidades que seriam recuperadas, realizando diagnósticos e avaliando os planos que foram feitos para cada uma”, disse.

Ao fim do programa, pesquisa realizada pelos municípios apurou que a sensação de segurança nos arredores dos espaços recuperados aumentou consideravelmente.

“Mais de 70% das pessoas consultadas aprovaram o trabalho realizado nas localidades e se disseram mais tranquilas em relação à segurança pública”, disse Zamorano.

Para Gareth Jones, da London School of Economics and Political Science, da Inglaterra, o caso mexicano é um exemplo dos benefícios que as cidades podem ter quando suas comunidades se apropriam das medidas de superação dos problemas.

“Naturalmente, a sensação de segurança ter aumentado não significa que esses locais estejam mais seguros, mas é uma mudança importante. A partir desse engajamento muitos outros desafios podem ser superados, em diversas áreas críticas das grandes cidades latino-americanas e do mundo todo”, avaliou.

As discussões seguiram com abordagens sobre urbanismo, transporte e sustentabilidade e uso da água, com apresentações de representantes do Imperial College London, no Reino Unido, das instituições colombianas Universid National, Universidad Antonio Nariño e Universidad del Norte, das chilenas Universidad de Concepcion e Pontificia Universidad Catolica de Chile e das brasileiras USP e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Oportunidades

Além do intercâmbio de experiências científicas, o workshop apresentou oportunidades de financiamento de pesquisas conjuntas nas áreas, como o Newton Fund, do governo britânico, lançado no Brasil em abril e destinado ao fomento à pesquisa e à inovação em países emergentes.

Diego Arruda, gerente de Projetos do Consulado Geral Britânico em São Paulo, apresentou algumas das possibilidades abertas.

“O Newton Fund tem grande importância na política do governo britânico para os países emergentes. No caso da América Latina, trata-se de uma oportunidade de aproveitamento do potencial científico de países de relevância crescente no cenário mundial”, disse.

Serão investidos £ 375 milhões, cerca de R$ 1,4 bilhão, em 15 países.

Ao Brasil serão destinados £ 9 milhões anuais, mais de R$ 33 milhões, durante três anos.

O valor tem contrapartida brasileira, com aporte financeiro de instituições nacionais, e chamadas já foram lançadas em diversas modalidades de apoio com a participação da FAPESP.

Em setembro, a FAPESP, o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), as fundações de amparo à pesquisa estaduais (FAPs), a Academy of Medical Sciences, a British Academy, a Royal Academy of Engineering e a Royal Society anunciaram chamada de propostas com financiamento em conjunto com o Newton Fund.

O objetivo da chamada é estimular o intercâmbio internacional em pesquisa, e o prazo para submissão de propostas vai até 22 de outubro (leia mais em agencia.fapesp.br/19841).

Ainda em setembro a FAPESP e o British Council anunciaram o resultado da chamada de propostas lançada em abril para apoiar a realização de workshops de pesquisa com recursos do Newton Fund.

Foram aprovadas 16 propostas, que receberão apoio financeiro para a realização de encontros entre jovens cientistas do Reino Unido e do Estado de São Paulo para o estabelecimento de futuras colaborações em pesquisa (leia mais em agencia.fapesp.br/19771).

Antes, em agosto, os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK) haviam lançado seu primeiro edital para o Newton Fund, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

O prazo para a submissão de propostas se encerra em 17 de outubro (mais informações em agencia.fapesp.br/19685).

As Academias Nacionais do Reino Unido – Royal Society, British Academy, Academy of Medical Sciences e Royal Academy of Engineering –, em colaboração com o Confap e as FAPs, também oferecem auxílios no âmbito do Newton Fund (leia mais em agencia.fapesp.br/19897).

Além do Brasil e dos demais países latino-americanos representados no workshop – México, Chile e Colômbia –, recebem aportes do Newton Fund China, Índia, Turquia, África do Sul, Egito, Cazaquistão, Tailândia, Indonésia, Vietnã, Filipinas e Malásia.

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