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Escândalo da VW pode enfraquecer sindicatos alemães e Schröder

Nos últimos dias, surgiram denúncias de que a Volkswagen aliciava os representantes dos funcionários e dos sindicatos no comitê diretor com subornos e outros favorecimentos para amenizar divergências

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

Os efeitos do escândalo da Volkswagen podem se estender para fora dos portões da companhia. O movimento sindical alemão, que apóia com entusiasmo o modelo de gestão compartilhada adotado pela montadora, também deve perder força, pois alguns de seus principais líderes são acusados de envolvimento direto nas denúncias que vieram à tona nos últimos dias. Em especial, o jornal espanhol El País destaca o IG-Metall, sindicato dos metalúrgicos alemães, que possui membros no comitê diretor da Volks diretamente envolvidos com as denúncias de suborno.

A Volks adota um sistema de gestão compartilhada em que os funcionários gozam de bastante poder. O comitê diretor é composto por sete membros, entre executivos, funcionários e representantes sindicais, e sua atribuição é supervisionar o conselho de administração da companhia. O sistema foi implantado para acomodar os diversos interesses em torno da montadora, já que seu principal acionista não é um grupo privado, mas sim o estado alemão da Baixa Saxônia, que detém 18% do capital da Volks. Uma lei de 1960, conhecida como Lei Volkswagen, impede que qualquer acionista tenha mais votos que a Baixa Saxônia, independente da sua participação no capital da empresa.

Nos últimos dias, surgiram denúncias de que a empresa aliciava os representantes dos trabalhadores e dos sindicatos com subornos e outros favorecimentos, inclusive serviços de prostitutas de luxo, para amenizar divergências acerca de decisões estratégicas para a empresa. As denúncias já surtiram um efeito prático, com a renúncia de Peter Hartz, diretor de Pessoal da montadora e principal mediador das relações entre os 336 000 funcionários e a alta direção da Volks. Hartz foi o responsável, por exemplo, por um acordo pelo qual 103 000 funcionários do chão-de-fábrica aceitaram o congelamento de seus salários por 28 meses em troca da garantia de estabilidade no emprego por sete anos.

Segundo o El País, as suspeitas de relações ilícitas entre a empresa e os membros do comitê diretor são antigas e incluem ainda boatos de suborno de políticos e representantes do governo alemão. A demissão de Hartz pode complicar, inclusive, a situação do chanceler alemão Gerard Schröder, que se prepara para disputar a reeleição. Filiado ao Partido Social Democrata, Hartz é um colaborador muito próximo de Schröder.

Como político, Hartz propõe a extensão do modelo da Volks a outras companhias. Seus adversários afirmam que a proposta, se adotada, poderá afastar os investidores internacionais da Alemanha e fazer com que a economia local perca competitivdade. As recentes denúncias envolvendo o comitê diretor da Volks dão mais munição à oposição e podem arranhar, inclusive, a imagem de Schröder.

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