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Polícia do lixo da Suíça irrita estrangeiros

Leis municipais, como não poder colocar o lixo reciclável fora de casa em um domingo, são um aspecto da vida pública que pode ser difícil para recém-chegados

Cartazes sobre o referendo contra migração em massa, em Zurique (Michael Buholzer/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 17h52.

Zurique - A polícia de Zurique deu duas opções a Judith Schulte: pagar uma multa de 250 francos (US$ 280) ou passar duas noites na prisão. O crime dela: colocar seu lixo reciclável fora de casa em um domingo.

“Quem imaginaria que as pessoas teriam tanto rigor em relação ao lixo”, disse a executiva alemã de comunicações de 35 anos, que reside na Suíça há sete anos e optou por pagar a multa depois que um vizinho em seu bairro abastado, nas colinas acima do Lago de Zurique, reportou sua contravenção.

“Eu entendo que as pessoas não queiram ser perturbadas, mas chamar a polícia por causa de algumas garrafas, para mim, é um exagero”.

As leis municipais -- que incluem proibição de cortar a grama aos domingos -- são um aspecto da vida pública suíça que pode ser difícil para os recém-chegados.

O desrespeito a elas irrita os suíços, que em fevereiro votaram pela reintrodução de limites à imigração de cidadãos da União Europeia. O governo deverá apresentar um plano de implantação até o fim do mês.

Mais de 20 por cento dos 8 milhões de habitantes da Suíça não são cidadãos e em Zurique e na Basileia um terço dos residentes não possui passaporte suíço.

Embora muitos dos europeus que chegam tenham alto nível educacional e venham ao país para trabalhar em bancos como o UBS AG ou nas companhias farmacêuticas Novartis AG e Roche AG, enquadrar-se nem sempre é fácil.

“Nós, suíços, gostamos de tudo limpo e bonito”, disse Juerg Hofer, que se aposentou como diretor do Departamento de Meio Ambiente e Energia da Basileia no fim de maio.

A agência comanda uma equipe de detetives do lixo que caça os criminosos da sujeira.

‘Estado policial não’

A equipe de quatro pessoas, criada em 2012 em resposta a exigências públicas, trabalha em duplas, cortando sacos de lixo abertos em busca de pistas dos proprietários, como embalagens de medicamentos.

Colocar o lixo para fora muito cedo incorre em uma penalidade de 50 francos e despejá-lo ilegalmente acarreta uma multa de 200 francos.

O objetivo das inspeções é fazer com que as pessoas sigam as regras e não levantar dinheiro, disse Hofer.

“Não queremos um Estado policial, nem mesmo algo parecido com isso”, disse ele. “Mas, por outro lado, as pessoas estão aborrecidas com a sujeira”.

Famosa pelo ar puro e pelas ruas organizadas, a Suíça recicla mais lixo per capita do que qualquer outro país da União Europeia exceto a Alemanha, segundo dados da Eurostat de 2012.

Embora não seja obrigatória, a reciclagem em Zurique e na Basileia gera economia para as pessoas, pois elas devem pagar apenas pelo lixo residual, para o qual normalmente compram sacos da municipalidade.

Um saco de 35 litros custa 2,3 francos na Basileia e 1,7 franco em Zurique. A falta de uso das bolsas especiais coloca a polícia do lixo no caso.

Embora a reciclagem seja tradicionalmente grátis, pode ser necessário tempo para se acostumar às regras: jornais e papelão precisam ser separados, amarrados em pilhas limpas e colocados no meio-fio, nunca antes da noite antes da coleta.

Latas e garrafas de vidro são depositadas em lixeiras de bairro separadas por cores, enquanto lâmpadas, baterias e garrafas de plástico são devolvidas aos supermercados.

“Isso tem algo a ver com a forma como as pessoas entendem o Estado. A nacionalidade não é entendida como linguística. Ser suíço tem algo a ver com provar a si mesmo ser digno de estar no clube”, disse Michael Hermann, professor de Ciência Polícia da Universidade de Zurique.

“Essa questão de ser suíço e ser diferente dos países vizinhos é um fenômeno particularmente forte nas regiões de língua alemã”.

Enquanto isso, Schulte, a quem os amigos provocam chamando-a de “criminosa Judith” depois do incidente das garrafas, ainda está irritada com a intimação policial.

“Eu fiquei com tanta raiva que foi até engraçado”, disse ela. “É terrível que o vizinho não tinha falado: simplesmente delatar alguém sem confrontá-lo é absurdo”.

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Zurique - A polícia de Zurique deu duas opções a Judith Schulte: pagar uma multa de 250 francos (US$ 280) ou passar duas noites na prisão. O crime dela: colocar seu lixo reciclável fora de casa em um domingo.

“Quem imaginaria que as pessoas teriam tanto rigor em relação ao lixo”, disse a executiva alemã de comunicações de 35 anos, que reside na Suíça há sete anos e optou por pagar a multa depois que um vizinho em seu bairro abastado, nas colinas acima do Lago de Zurique, reportou sua contravenção.

“Eu entendo que as pessoas não queiram ser perturbadas, mas chamar a polícia por causa de algumas garrafas, para mim, é um exagero”.

As leis municipais -- que incluem proibição de cortar a grama aos domingos -- são um aspecto da vida pública suíça que pode ser difícil para os recém-chegados.

O desrespeito a elas irrita os suíços, que em fevereiro votaram pela reintrodução de limites à imigração de cidadãos da União Europeia. O governo deverá apresentar um plano de implantação até o fim do mês.

Mais de 20 por cento dos 8 milhões de habitantes da Suíça não são cidadãos e em Zurique e na Basileia um terço dos residentes não possui passaporte suíço.

Embora muitos dos europeus que chegam tenham alto nível educacional e venham ao país para trabalhar em bancos como o UBS AG ou nas companhias farmacêuticas Novartis AG e Roche AG, enquadrar-se nem sempre é fácil.

“Nós, suíços, gostamos de tudo limpo e bonito”, disse Juerg Hofer, que se aposentou como diretor do Departamento de Meio Ambiente e Energia da Basileia no fim de maio.

A agência comanda uma equipe de detetives do lixo que caça os criminosos da sujeira.

‘Estado policial não’

A equipe de quatro pessoas, criada em 2012 em resposta a exigências públicas, trabalha em duplas, cortando sacos de lixo abertos em busca de pistas dos proprietários, como embalagens de medicamentos.

Colocar o lixo para fora muito cedo incorre em uma penalidade de 50 francos e despejá-lo ilegalmente acarreta uma multa de 200 francos.

O objetivo das inspeções é fazer com que as pessoas sigam as regras e não levantar dinheiro, disse Hofer.

“Não queremos um Estado policial, nem mesmo algo parecido com isso”, disse ele. “Mas, por outro lado, as pessoas estão aborrecidas com a sujeira”.

Famosa pelo ar puro e pelas ruas organizadas, a Suíça recicla mais lixo per capita do que qualquer outro país da União Europeia exceto a Alemanha, segundo dados da Eurostat de 2012.

Embora não seja obrigatória, a reciclagem em Zurique e na Basileia gera economia para as pessoas, pois elas devem pagar apenas pelo lixo residual, para o qual normalmente compram sacos da municipalidade.

Um saco de 35 litros custa 2,3 francos na Basileia e 1,7 franco em Zurique. A falta de uso das bolsas especiais coloca a polícia do lixo no caso.

Embora a reciclagem seja tradicionalmente grátis, pode ser necessário tempo para se acostumar às regras: jornais e papelão precisam ser separados, amarrados em pilhas limpas e colocados no meio-fio, nunca antes da noite antes da coleta.

Latas e garrafas de vidro são depositadas em lixeiras de bairro separadas por cores, enquanto lâmpadas, baterias e garrafas de plástico são devolvidas aos supermercados.

“Isso tem algo a ver com a forma como as pessoas entendem o Estado. A nacionalidade não é entendida como linguística. Ser suíço tem algo a ver com provar a si mesmo ser digno de estar no clube”, disse Michael Hermann, professor de Ciência Polícia da Universidade de Zurique.

“Essa questão de ser suíço e ser diferente dos países vizinhos é um fenômeno particularmente forte nas regiões de língua alemã”.

Enquanto isso, Schulte, a quem os amigos provocam chamando-a de “criminosa Judith” depois do incidente das garrafas, ainda está irritada com a intimação policial.

“Eu fiquei com tanta raiva que foi até engraçado”, disse ela. “É terrível que o vizinho não tinha falado: simplesmente delatar alguém sem confrontá-lo é absurdo”.

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