O premier turco, Recep Erdogan: "a União Europeia não pode interferir nos passos dados (...) dentro do Estado de Direito contra elementos que ameaçam nossa segurança nacional" (Adem Altan/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2014 às 11h53.
Istambul - O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reagiu duramente nesta segunda-feira às críticas da União Europeia pelas prisões de jornalistas opositores, dizendo para Bruxelas "cuidar de seus assuntos".
"A União Europeia não pode interferir nos passos dados (...) dentro do Estado de Direito contra elementos que ameaçam nossa segurança nacional", afirmou falando à televisão.
"Eles deveriam cuidar de seus assuntos", acrescentou.
A polícia turca lançou no domingo uma nova operação contra partidários do clérigo Fethullah Gulen, adversário do presidente Recep Tayyip Erdogan, numa iniciativa que também teve como alvos escritórios do jornal opositor "Zaman".
A UE denunciou as operações, que considerou contrárias "aos valores europeus", que a Turquia, que tenta uma vaga no bloco, deveria respeitar.
Os Estados Unidos pediram à Turquia que respeite a liberdade de imprensa, a independência da justiça e seus fundamentos democráticos.
A operação policial ocorreu dois dias depois de o líder turco ter anunciado uma nova operação contra "as forças do mal" lideradas por Gulen - exilado nos Estados Unidos. Erdogan acusa o inimigo declarado de ter organizado o lançamento de uma investigação por corrupção contra seus colaboradores mais próximos.
A polícia antiterrorista agiu em 13 cidades da Turquia, entre elas Istambul, prendendo ao todo 24 pessoas, incluindo jornalistas. Entre os detidos está Ekrem Dumanli, editor-chefe do jornal Zaman, um dos maiores veículos da Turquia.
Em frente ao prédio onde funciona a redação do jornal Zaman, nos arredores de Istambul, um grupo se reuniu do lado de fora do escritório, fazendo com que a polícia deixasse o local sem prender nenhum funcionário.
"A liberdade de imprensa não pode ser calada", gritavam os manifestantes.
Também foram presos diretores de uma rede de televisão ligada a Gulen, incluindo um diretor, produtores e jornalistas, segundo a agência Anatolia.
Como ocorreu em operações policiais anteriores, uma misteriosa conta no Twitter, com o nome de um suposto Fuat Avni, anunciou os detalhes da batida antes que ela começasse.
Na semana passada, Avni alertou que a polícia se preparava para prender cerca de 400 pessoas, entre elas 150 jornalistas.