Rafael Correa voltou a acusar o ex-presidente Lucio Gutierrez pela rebelião de ontem (AFP/John Silva)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.
Brasília - Depois de mais de 11 horas isolado em um hospital militar em Quito, o presidente do Equador, Rafael Correa, conseguiu ser retirado do local e levado até o palácio do governo. Da janela do palácio, ele afirmou, na madrugada de hoje (1º) que "não haverá perdão" para os que promoveram as manifestações de policiais ontem (30).
Os protestos geraram confrontos, agressões e até o presidente foi atingido por bombas de gás lacrimogênio.
A Cruz Vermelha do Equador informou que duas pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas nos incidentes de ontem. Não há dados se as vítimas são civis ou militares. As informações são da agência BBC Brasil, da agência oficial equatoriana Andes e da Presidência da República do Equador.
"Mais do que nunca vamos acabar com estes entreguistas e levar a pátria adiante. Não haverá perdão nem esquecimento", disse o presidente. Para Correa, o principal responsável pelos protestos é o ex-presidente Lucio Gutiérrez, um dos líderes da oposição. "Os [agentes] de Lucio estavam infiltrados ali, incitando a violência", afirmou.
Gutiérrez, porém, negou participação nos episódios. Segundo ele, era "um autogolpe de Correa para criar uma ditadura". Nesta manhã, o comandante da Polícia do Equador, Freddy Martínez, renunciou. Ontem ele tentou conter os protestos dos policiais, mas não conseguiu.
Correa foi resgatado do hospital depois de troca de tiros entre os soldados e os policiais que participavam do cerco ao presidente. "Sem dúvida, este foi o dia mais triste de meu governo... por causa da infâmia dos conspiradores de sempre", disse. "Nos fizeram retroceder séculos". Para ele, houve uma tentativa de golpe de Estado.
As manifestações começaram na madrugada de ontem, quando policiais foram às ruas de Quito e das principais cidades do país, em protesto. Eles reclamaram do fim do pagamento de bônus e gratificações para os funcionários públicos por decisão de Correa. O presidente avisou que não voltará atrás e manterá o decreto.
Em meio às tensões, o governo determinou que todas as estações de rádio e TV suspendessem suas programações e passassem a transmitir o sinal emitido pelos veículos estatais de forma "indefinida e ininterrupta, até segunda ordem". As forças de segurança federais usaram bombas de gás lacrimogênio para tentar conter os manifestantes no maior quartel militar de Quito.
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