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Entre abril e junho, 317 pessoas foram mortas em protestos na Nicarágua

Detidos não foram informados de seus direitos nem quais eram as acusações. Famílias não foram informadas para onde os presos eram levados

Mortes durante protestos contra governo de Daniel Ortega incluem 23 crianças e 21 policiais (Jorge Cabrera/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 17h37.

Washington - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) contabilizou 317 mortos na Nicarágua entre 18 de abril e 30 de julho, incluindo as mortes de 23 crianças e 21 policiais durante os protestos contra o governo de Daniel Ortega. A CIDH informou que, depois de cinco semanas de trabalho na Nicarágua, o Mecanismo Especial de Seguimento para a Nicarágua (Meseni) verificou a perseguição e criminalização por parte do Estado contra manifestantes, opositores e pessoas que participaram dos protestos de maneiras diversas.

"A Comissão Interamericana condena todos os assassinatos registrados e insta o Estado da Nicarágua a investigar com prontidão e seriedade cada um desses crimes", disse a relatora da CIDH no país, a chilena Antonia Urrejola. "O Estado deve manter um registro atualizado, confiável e transparente de todas as mortes ."

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O Meseni disse que um muitas detenções arbitrárias e violentas foram realizadas por homens mascarados depois que a população levantou barricadas para se proteger da violência, que aumentou rapidamente a partir de 19 de junho. Segundo o grupo, as pessoas detidas não foram informadas de seus direitos no momento da prisão e nem quais eram as acusações. Além disso, não houve ordens judiciais e as famílias dos detidos não foram informadas para onde os presos eram levados.

Comissão

A CIDH emitiu o comunicado horas antes de a Organização dos Estados Americanos ( OEA ) realizar uma sessão especial para avaliar a criação de uma comissão especial para a Nicarágua, a fim de promover o diálogo nacional. A proposta da Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, Estados Unidos, México e Peru busca criar a comissão antes do dia 10 de agosto, composta por um representante de cada um dos grupos regionais que operam na OEA: a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), o Sistema de Integração Centro-americana (Sica) e a Comunidade do Caribe (Caricom, na sigla em inglês).

A presidente interina do Conselho Permanente da OEA, a costa-riquenha Rita Hernández, anunciou que há negociações em curso e, portanto, adiou o início da sessão especial, o que foi criticado pelo embaixador de Antígua e Barbuda, Ronald Michael Sanders. Ele reclamou que a decisão não respeitava as delegações dos países, acrescentando que tinha planos para viajar à tarde.

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