Britânico é condenado à prisão perpétua em Abu Dhabi por espionagem
O pesquisador Matthew Hedges desembarcou em Dubai, em maio, para realizar entrevistas sobre a política externa e a estratégia de segurança do país
AFP
Publicado em 21 de novembro de 2018 às 11h41.
Última atualização em 21 de novembro de 2018 às 13h42.
O britânico Matthew Hedges foi condenado nesta quarta-feira pelo tribunal federal de Abu Dhabi à prisão perpétua por espionagem, anunciou um porta-voz da família, ao mesmo tempo que Londres afirmou que estava "profundamente chocado" com a sentença.
O doutorando da Universidade de Durham, noroeste da Inglaterra, foi detido no aeroporto de Dubai em 5 de maio, depois de desembarcar nos Emirados Árabes Unidos para fazer entrevistas sobre a política externa e a estratégia de segurança do país.
"Podemos confirmar que foi condenado à prisão perpétua", declarou a fonte, entrevistada por telefone pela AFP.
"O julgamento durou menos de cinco minutos e o advogado não estava presente", completou, sob a condição de anonimato.
De acordo com a imprensa local, Hedges tem prazo de 30 dias para apelar contra a decisão do tribunal.
"Estou profundamente chocado e decepcionado", afirmou o ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt.
"Este veredicto não é o que esperávamos de um amigo e sócio de confiança do Reino Unido e vai contra as garantias recebidas", disse Hunt, que destacou ter mencionado o caso de Matthew Hedges ao príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed ben Zayed.
Em outubro, o procurador-geral dos Emirados, Hamad Al Shamsi, anunciou que Matthew Hedges deveria ser julgado em Abu Dhabi por "acusações de espionagem para um país estrangeiro, colocando em perigo a segurança militar, política e econômica do Estado".
Shamsi disse que o britânico utilizou o status de pesquisador como desculpa e as acusações contra Hedges são baseadas em "provas". O britânico foi libertado de maneira provisória em 29 de outubro com uma tornozeleira eletrônica.
"Espero sobretudo que se faça justiça e que Matt receba a legítima liberdade, que foi negada durante os últimos seis meses", afirmou Hunt em um comunicado.